Continuamos o tema da oração.
Certamente, cada pessoa passa por
momentos em que gostaria de fazer uma experiência mais forte e absolutamente “sua” de oração,
mas constata que isso não é tão fácil.
Todos nós enfrentamos isso. É óbvio que cada pessoa, assim como tem o seu jeito
de pensar e de se relacionar com os outros, também, certamente, tem a sua maneira de rezar ou fazer as suas
orações.
Mas, talvez seja possível entender um
pouco melhor esse processo de fazer uma boa oração? Talvez existam detalhes,
que nos escapam da nossa memória, ou, talvez, nunca ouvimos falar deles?
Sobre isso trata agora o texto abaixo,
de autoria de Ferdinand Krenzer¹. A
leitura é muito agradável e fácil.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema, é aconselhável ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 6 de julho de 2012: Reflexões sobre a oração)].
(3)
A necessidade de recolhimento
Uma das mais importantes condições para alguém fazer uma boa oração é a necessidade de se, para isso, concentrar. Difícil seria louvar a Deus logo após alguma ocupação ou trabalho, ou talvez, após de agitação, nervosismo e estresse. Seria igualmente, como – comparando – mudar a velocidade de carro em andamento, da 4ª marcha para a marcha ré. Por isso, primeiramente, é preciso se desligar e elaborar um clima adequado. Recolhimento é justamente isso. Como sucede?
O primeiro
passo importante nesta direção é acalmar-se, externa e internamente.
Externamente – suspendendo todas as outras atividades, deixando as mãos em paz
e descanso, mas também parar de olhar para todos os lados, assumindo uma
postura tranquila (pode ser sentado, ajoelhado ou em pé). Isso não é nada fácil, como aparentemente pode-se
pensar. Mas é necessário, se realmente queremos fazer a
oração. O ser humano se caracteriza pela unidade, e por isso não pode estar internamente calmo,
se externamente estiver manipulando nervosamente qualquer coisa.
Quando já
conseguimos nos acalmar, começamos a nos tranquilizar internamente; isto quer
dizer que vamos desligando tudo o que nos toca. Dizemos para nós mesmos que
neste momento não temos nenhum outro propósito, que todo o resto não tem importância
agora. Somente Deus e eu, para o resto teremos tempo depois.
Agora começa a
verdadeira concentração. Concentrar-se quer dizer unir algo num único ponto.
Este ponto, inicialmente, somos nós próprios, sozinhos, rezando - quer dizer,
precisamos chegar a nós mesmos. O ato de orar é chamado frequentemente de
“encontro com Deus”. Portanto, se estamos
pretendendo que isso seja realmente um encontro, precisamos, sobretudo, “estar
presente” para Ele nos encontrar.
Dizemos:
“estou disperso, desconcentrado; estou em todo lugar, só não em mim mesmo”. O
recolhimento deveria nos reconduzir novamente, do meio dessa dispersão, até nós próprios.
Um passo
importante para isso já era o fato que nós nos acalmamos internamente. Agora, para estarmos totalmente presentes,
pensemos em nós mesmos: Eu! Quem sou eu, para falar com Deus? – Então, agora,
nós nos vemos assim, como Deus nos vê – com todas as nossas fraquezas, com os
nossos erros e as imperfeições. Porém, podemos aqui tranquilamente olhar para o
passado da nossa vida, ou para os
últimos dias, e olhando para nós próprios dizemos: Sim, eu sou assim.
E neste
instante novamente livramo-nos de nós mesmos, dirigindo-nos a Deus. Procuramos
o seu rosto. Quem é Deus, com quem neste
momento eu ouso falar? Podemos pensar aqui sobre a criação, sobre o universo de
estrelas e galáxias, ou em átomos, que
Ele fez. Ou sobre os bens que Deus nos concedeu pela obra redentora; ou sobre o
Cristo, em quem podemos ver o Pai. Este é Deus, Onipotente e Todo poderoso, e,
no entanto, neste estado em que agora me
encontro, posso estar muito perto d’Ele. Deus me vê! (Só de pensar que Ele olha para mim com amor e
bondade, é algo extraordinário e comovente!). E assim, pois, o contato foi estabelecido, agora posso começar
a oração. Ou melhor, ela começou há muito. Agora estou já rezando. (...)
(KRENZER, F. Taka
jest nasza wiara, Paris, Éditions Du
Dialogue, 1981, p. 301-302)²
Continua...
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¹ Ferdinand Krenzer é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado
e escritor.
² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer
fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a
entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis
desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder
Glauben”.
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