Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 10 de julho de 2012

“Estar presente” – é condição para rezar. Por quê?


Continuamos o tema da oração. 
Certamente, cada pessoa passa por momentos em que gostaria de fazer uma experiência mais forte e absolutamente “sua”  de oração,  mas constata que isso não  é tão fácil. Todos nós enfrentamos isso. É óbvio que cada pessoa, assim como tem o seu jeito de pensar e de se relacionar com os outros, também, certamente,  tem a sua maneira de rezar ou fazer as suas orações.

Mas, talvez seja possível entender um pouco melhor esse processo de fazer uma boa oração? Talvez existam detalhes, que nos escapam da nossa memória, ou, talvez, nunca ouvimos falar deles?

Sobre isso trata agora o texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹.  A leitura é muito agradável e fácil.
Não deixe de ler.
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[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema,  é aconselhável  ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 6 de julho de 2012: Reflexões sobre a oração)].

 

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A necessidade de recolhimento

Uma das mais importantes condições para  alguém fazer uma boa  oração é a necessidade  de se, para isso, concentrar. Difícil seria louvar a Deus logo após alguma  ocupação ou trabalho, ou talvez, após de agitação, nervosismo e estresse. Seria igualmente, como – comparando – mudar a velocidade de carro em andamento, da 4ª marcha para a marcha ré. Por isso, primeiramente, é preciso se desligar e elaborar um clima adequado. Recolhimento é justamente isso. Como sucede?

O primeiro passo importante nesta direção é acalmar-se, externa e internamente. Externamente – suspendendo todas as outras atividades, deixando as mãos em paz e descanso, mas também parar de olhar para todos os lados, assumindo uma postura tranquila (pode ser sentado, ajoelhado ou em pé). Isso não  é nada fácil, como aparentemente pode-se pensar. Mas  é  necessário, se realmente queremos fazer a oração. O ser humano se caracteriza pela unidade, e  por isso não pode estar internamente calmo, se externamente estiver manipulando nervosamente qualquer coisa.

Quando já conseguimos nos acalmar, começamos a nos tranquilizar internamente; isto quer dizer que vamos desligando tudo o que nos toca. Dizemos para nós mesmos que neste momento não temos nenhum outro propósito, que todo o resto não tem importância agora. Somente Deus e eu, para o resto teremos tempo depois.

Agora começa a verdadeira concentração. Concentrar-se quer dizer unir algo num único ponto. Este ponto, inicialmente, somos nós próprios, sozinhos, rezando - quer dizer, precisamos chegar a nós mesmos. O ato de orar é chamado frequentemente de “encontro com Deus”.  Portanto, se estamos pretendendo que isso seja realmente um encontro, precisamos, sobretudo, “estar presente” para Ele nos encontrar.

Dizemos: “estou disperso, desconcentrado; estou em todo lugar, só não em mim mesmo”. O recolhimento deveria nos reconduzir novamente, do meio dessa dispersão,  até nós próprios.

Um passo importante para isso já era o fato que nós nos acalmamos internamente.  Agora, para estarmos totalmente presentes, pensemos em nós mesmos: Eu! Quem sou eu, para falar com Deus? – Então, agora, nós nos vemos assim, como Deus nos vê – com todas as nossas fraquezas, com os nossos erros e as imperfeições. Porém, podemos aqui tranquilamente olhar para o passado  da nossa vida, ou para os últimos dias, e olhando para nós próprios dizemos: Sim, eu sou assim.

E neste instante novamente livramo-nos de nós mesmos, dirigindo-nos a Deus. Procuramos o seu rosto. Quem é Deus, com  quem neste momento eu ouso falar? Podemos pensar aqui sobre a criação, sobre o universo de estrelas e galáxias,  ou em átomos, que Ele fez. Ou sobre os bens que Deus nos concedeu pela obra redentora; ou sobre o Cristo, em quem podemos ver o Pai. Este é Deus, Onipotente e Todo poderoso, e, no entanto,  neste estado em que agora me encontro, posso estar muito perto d’Ele. Deus me vê!  (Só de pensar que Ele olha para mim com amor e bondade, é algo extraordinário e comovente!). E assim, pois, o  contato foi estabelecido, agora posso começar a oração. Ou melhor, ela começou há muito. Agora estou já rezando. (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 301-302)²
Continua...
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¹  Ferdinand Krenzer  é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado e escritor.

²  Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
 
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