Uma das orações mais lindas e profundas que conhecemos, com certeza é a Seqüência ao Espírito Santo. O seu conteúdo é completo e maravilhoso, e perfeitamente expressa o que um ser humano poderia dirigir em prece a Deus.
Eis a oração:
-
Espírito de Deus enviai dos céus um raio de luz!
- Vinde,
Pai dos pobres, daí aos corações vossos
sete dons.
- Consolo
que acalma, hóspede da alma, doce
alívio, vinde!
- No
labor descanso, na aflição remanso,
no calor aragem.
- Enchei,
luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós!
- Sem a
luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele.
- Ao sujo
lavai, ao seco regai, curai o doente,
- Dobrai
o que é duro, guiai no escuro, o frio
aquecei.
- Daí à
vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sente dons.
- Daí em
prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna.
Amém.
Refletindo sobre a oração e as suas formas (as postagens anteriores
no blog INDAGAÇÕES), faz-se necessário abordar também o jeito “carismático” de
rezar. Os grupos de oração, que formam o Movimento Carismático Católico, valorizam muito as orações ao Espírito Santo
e, voltando-se às práticas descritas nas Cartas de São Paulo, no Novo
Testamento, criaram as dinâmicas próprias e específicas, de caráter fortemente
individualista e intimista. O importante é que
muitas pessoas, identificando-se
com esse jeito de orar, encontraram a maneira que mais lhes agrada, para dirigir-se
a Deus e O louvar.
O texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹, refletindo sobre esse assunto, fecha o nosso
bloco de textos sobre o tema de
oração. Não deixe de
ler.
WCejnog
[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema, é aconselhável ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 6 de julho de 2012: Reflexões sobre a oração)].
(9)
Oração no Espírito Santo
Oração no Espírito Santo
Na Carta de
São Paulo aos Romanos (8, 26) lemos: “Também o Espírito vem em auxílio de nossa
fraqueza porque não sabemos pedir o que nos convém. O próprio Espírito é que
advoga por nós com gemidos inefáveis, e aquele que esquadrinha os corações sabe
qual o desejo do Espírito porque ele intercede pelos santos segundo Deus”. Então, foi dito aqui que justamente na oração
devemos contar com a ajuda do Espírito Divino. Sem ele nem sabemos como devemos
rezar. Por isso também, na Bíblia, por
exemplo na Carta de São Judas lemos: “Vós, porém, caríssimos, edificando-vos
pela vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos no amor de
Deus, esperando a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo para a vida
eterna.” (Jd 20)
Ao começar
qualquer oração deveríamos colocar um pedido ao Espírito Santo, para Ele
conduzir a nossa oração e ajudar o nosso humano balbuciar, a fim de transformá-lo em oração “em nome de
Jesus”. Na verdade, toda a oração
deveria ser assim para merecer a ser ouvida (compare Jo 14, 13).
Não obstante,
deveríamos também rezar ao Espírito Santo. Muitos cristãos dirigem-se, em
oração, para Jesus Cristo ou para Deus Pai. A oração ao Espírito Santo, sem a qual nada
podemos, de modo geral é negligenciada.
Hoje, em
vários lugares no mundo, surgem na Igreja Católica os grupos de oração, que de
modo particular cultivam a oração ao
Espírito Santo. A sua oração não segue preestabelecidas regras litúrgicas, e
cada um participa delas do seu jeito espontâneo e pessoal, assim, como lemos na 1ª Carta aos Coríntios: “Quando vos
reunis, quem tiver um cântico, um ensinamento, uma revelação, um discurso em
línguas, uma interpretação a fazer – que
o faça de modo a edificar...” (1Cor 14, 26 ss).
De fato,
nesses grupos novamente tornam-se vivos os dons da Graça (os carismas – compare
1Cor 12, 1-11), por exemplo o dom da profecia, o dom das línguas (própria, para
os outros incompreensível linguagem de oração). Muitos bispos e até o próprio
papa alimentam a esperança de que esse “movimento carismático” apresente fortes
estímulos para uma renovação da Igreja, se essa for mesmo a força do Espírito
Santo.
Pai Nosso
Precisamos
aqui, ainda, falar da oração, que é mais preciosa para todos os cristãos,
porque foi o próprio Jesus Cristo que nos ensinou a rezar. “Rezai assim...” –
convidou Ele os seus discípulos e, em
seguida, ensinou-lhes a oração “Pai Nosso”.
Começa ela com as preces, que são, na
verdade, a louvação a Deus. “Santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso
reino, seja feita a Vossa vontade...” – são muito mais que pedidos: significam
o desejo de se unir com os planos e com a vontade de Deus, e o reconhecimento
do domínio de Deus no mundo e em cada um de nós.
Somente após elas seguem os
pedidos na intenção de grandes necessidades da humanidade: o pão cotidiano – e
sabemos logo, que o homem não vive só de pão “mas de toda palavra que sai da
boca de Deus” (Mt 4,4); - o perdão dos pecados, e a libertação do mal – no mais
largo e tudo abrangente sentido.
A finalização
constitui um hino do louvor (doxologia), que não é primitivo, mas já pela Igreja nos primeiros
séculos era acrescentado às várias orações, e daqui entrou para alguns
manuscritos do Novo Testamento como a finalização do Pai Nosso: “Porque o Vosso é o reino, o poder e a glória para
sempre”. Aqui, novamente, trata-se da
idéia principal e refere-se ao Senhor, ao reino ou ao reinado de Deus.
Cada verso
desta oração, Pai Nosso, tem um profundo conteúdo e serve para uma longa
reflexão. Existem vários e bons livros dedicados exclusivamente à reflexão e
à análise desta oração. Tomar em mãos um livro desses para aprofundar o
conteúdo da oração Pai Nosso, certamente,
é muito recomendado.
Cada oração
termina com a palavra “Amém”, o que, em
hebraico [אָמֵן] significa: Que assim seja.
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara,
Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 309-311)²
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¹
Krenzer Ferdinand - nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg,
Hesse, † 08 de maio de 2012 em Hofheim (Taunus),
foi um teólogo católico alemão,
sacerdote e escritor na aposentadoria.
² Obs.: As reflexões do Ferdinand
Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor,
ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais
difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
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