Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 24 de julho de 2012

Orar no Espírito Santo

Uma das orações mais lindas e profundas que conhecemos, com certeza é a Seqüência ao Espírito Santo. O seu conteúdo é completo e maravilhoso, e perfeitamente expressa o que um ser humano poderia dirigir em prece a Deus.

Eis a oração:

- Espírito de Deus  enviai dos céus  um raio de luz!
- Vinde, Pai dos pobres,  daí aos corações vossos sete dons.
- Consolo que acalma, hóspede da  alma, doce alívio, vinde!
- No labor descanso, na aflição remanso,  no  calor aragem.
- Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós!
- Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele.
- Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente,
- Dobrai o que  é duro, guiai no escuro, o frio aquecei.
- Daí à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sente dons.
- Daí em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna.
 Amém.

Refletindo sobre a oração e as suas formas (as postagens anteriores no blog INDAGAÇÕES), faz-se necessário abordar também o jeito “carismático” de rezar. Os grupos de oração, que formam o Movimento Carismático Católico,  valorizam muito as orações ao Espírito Santo e, voltando-se às práticas descritas nas Cartas de São Paulo, no Novo Testamento, criaram as dinâmicas próprias e específicas, de caráter fortemente individualista e intimista. O importante é que  muitas pessoas,  identificando-se com esse jeito de orar, encontraram a maneira que mais lhes agrada, para dirigir-se a Deus e O louvar.

O texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹,  refletindo sobre esse assunto, fecha o nosso bloco de  textos sobre o tema de oração.  Não  deixe de  ler.
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[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema, é aconselhável  ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 6 de julho de 2012: Reflexões sobre a oração)].

 

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Oração no Espírito Santo

Na Carta de São Paulo aos Romanos (8, 26) lemos: “Também o Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza porque não sabemos pedir o que nos convém. O próprio Espírito é que advoga por nós com gemidos inefáveis, e aquele que esquadrinha os corações sabe qual o desejo do Espírito porque ele intercede pelos santos segundo Deus”.  Então, foi dito aqui que justamente na oração devemos contar com a ajuda do Espírito Divino. Sem ele nem sabemos como devemos rezar. Por isso também, na  Bíblia, por exemplo na Carta de São Judas lemos: “Vós, porém, caríssimos, edificando-vos pela vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.” (Jd 20)

Ao começar qualquer oração deveríamos colocar um pedido ao Espírito Santo, para Ele conduzir a nossa oração e ajudar o nosso humano balbuciar,  a fim de transformá-lo em oração “em nome de Jesus”. Na verdade, toda a  oração deveria ser assim para merecer a ser ouvida (compare Jo 14, 13).

Não obstante, deveríamos também rezar ao Espírito Santo. Muitos cristãos dirigem-se, em oração, para Jesus Cristo ou para Deus Pai.  A oração ao Espírito Santo, sem a qual nada podemos, de modo geral é  negligenciada.

Hoje, em vários lugares no mundo, surgem na Igreja Católica os grupos de oração, que de modo particular  cultivam a oração ao Espírito Santo. A sua oração não segue preestabelecidas regras litúrgicas, e cada um participa delas do seu jeito espontâneo e pessoal, assim, como  lemos na 1ª Carta aos Coríntios: “Quando vos reunis, quem tiver um cântico, um ensinamento, uma revelação, um discurso em línguas, uma  interpretação a fazer – que o faça de modo a edificar...” (1Cor 14, 26 ss).
De fato, nesses grupos novamente tornam-se vivos os dons da Graça (os carismas – compare 1Cor 12, 1-11), por exemplo o dom da profecia, o dom das línguas (própria, para os outros incompreensível linguagem de oração). Muitos bispos e até o próprio papa alimentam a esperança de que esse “movimento carismático” apresente fortes estímulos para uma renovação da Igreja, se essa for mesmo a força do Espírito Santo.

Pai Nosso

Precisamos aqui, ainda, falar da oração, que é mais preciosa para todos os cristãos, porque foi o próprio Jesus Cristo que nos ensinou a rezar. “Rezai assim...” – convidou Ele os  seus discípulos e, em seguida,  ensinou-lhes  a oração “Pai Nosso”.    

Começa ela com as preces, que são, na verdade, a louvação a Deus. “Santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade...” – são muito mais que pedidos: significam o desejo de se unir com os planos e com a vontade de Deus, e o reconhecimento do domínio de Deus no mundo e em cada um de nós. 

Somente após elas seguem os pedidos na intenção de grandes necessidades da humanidade: o pão cotidiano – e sabemos logo, que o homem não vive só de pão “mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4); - o perdão dos pecados, e a libertação do mal – no mais largo e tudo abrangente sentido.

A finalização constitui um hino do louvor (doxologia), que não  é primitivo, mas já pela Igreja nos primeiros séculos era acrescentado às várias orações, e daqui entrou para alguns manuscritos do Novo Testamento como a finalização do Pai Nosso: “Porque o Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre”.  Aqui, novamente, trata-se da idéia principal e refere-se ao Senhor, ao reino ou ao reinado de Deus.

Cada verso desta oração, Pai Nosso, tem um profundo conteúdo e serve para uma longa reflexão. Existem  vários e bons  livros dedicados exclusivamente à reflexão e à análise desta oração. Tomar em mãos um livro desses para aprofundar o conteúdo da oração Pai Nosso,  certamente,  é muito recomendado.

Cada oração termina  com a palavra “Amém”, o que, em hebraico  [אָמֵן] significa: Que assim seja.

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 309-311)²
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¹  Krenzer Ferdinand - nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim (Taunus), foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria.

² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.

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