Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A oração litúrgica. Qual é o seu sentido?


É muito conhecido o cântico  Em Nome do Pai, em que a comunidade dos fiéis, reunida para a fazer as suas orações a Deus, canta, expressando o objetivo da sua presença:

Em nome do Pai
Em nome do Filho
Em nome do Espírito Santo
Estamos aqui.
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar, estamos aqui, Senhor, a teu dispor.
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar, te aclamar, Deus trino de amor. 

O tema da participação dos fiéis em celebrações e ritos comunitários já foi abordado no blog INDAGAÇÕES ( dia 7 de junho de 2012:  Sobre os ritos litúrgicos católicos. Eles existem para quê?).  E hoje, o texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹,  complementa a reflexão sobre esse tema: fala sobre a oração feita em comunidade e pela comunidade, chamada de oração litúrgica.  Não deixe de ler.

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[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema, é aconselhável  ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 6 de julho de 2012: Reflexões sobre a oração)].

 

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A Oração Litúrgica

È caraterístico dos católicos dar o  valor à oração comunitária. O Cristo nos  prometeu: “Porque onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20). Baseados nestas palavras, podemos questionar a  opinião de  algumas pessoas que dizem: “Se eu quero rezar, vou ao parque ou para o meu quarto”. Obviamente, pode-se rezar muito bem também no quarto, porém, essa promessa particular de Jesus Cristo refere-se à  oração em comunidade.

Quando os fieis se reúnem na comunidade, cada um deles, pessoalmente, não tem como rezar como quiser. Já por este motivo as orações particulares e os pedidos individuais devem dar o lugar às grandes intenções de adoração a Deus e às preocupações que abrangem o mundo inteiro  – no espírito de oração.

É desta maneira que, através dos séculos, formaram-se na Igreja as orações concretas, adequadas para a celebração de vários ritos litúrgicos. Essa organização concreta de textos e palavras, elaborados para fazer as orações comunitárias, chamamos de liturgia (por exemplo as Orações da Santa Missa).

O que chama  atenção na oração litúrgica é que ela não é puramente oração interior, mas é ligada aos ritos e cerimônias. Durante a liturgia determina-se que os fiéis  assumam posturas diferenciadas: de pé, sentados ou ajoelhados. O presidente da celebração (na maioria das vezes o sacerdote)  une as mãos ou levanta, inclina-se em reverência,  bate no peito, ajoelha, etc. Nenhuma destas posturas é algo somente exterior, mas todas elas servem para interiorizar mais  a oração da comunidade; sublinham que a liturgia é um processo do encontro espiritual com Deus.

Hoje valorizamos, muito  mais que antigamente, a visão integral do ser humano - a forte unidade que formam nele o corpo e o espírito. O homem que se sente culpado, involuntariamente se  encolhe, abaixa (daqui vem o gesto de ajoelhar, a genuflexão), enquanto  a pessoa de bem, tranqüila no seu espírito, - emana paz e demonstra isso com a postura digna, reta. Espontaneamente fazemos reverência diante de alguém, quando queremos lhe demonstrar o  respeito e honra. A postura externa pode expressar, freqüentemente, o estado interno de uma pessoa, supondo, obviamente, que não se faz isso exclusivamente por causa da rotina ou para demonstração pública durante celebrações, como não poucas vezes podemos ser testemunhas disso.

Esta observação também refere-se aos sinais externos e formas que usamos nas orações pessoais. Será que Jesus Cristo também não se servia constantemente dos sinais visíveis?

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 309)²
Continua
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¹  Krenzer Ferdinand - nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim (Taunus), foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria.

² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.

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