Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 31 de julho de 2012

A questão de lixo urbano. Por que não apostar na solução radical?


Entre muitas questões importantes a respeito da preservação do nosso Meio Ambiente, existe uma que desafia a nossa responsabilidade. É a questão do lixo que produzimos diariamente aos milhares de toneladas. Esse é um fenômeno bastante comentado na sociedade e que gerou até agora muitas iniciativas, projetos e até programas para minimizar as suas conseqüências. Tudo isso é louvável, mas radicalmente insuficiente e insignificante, levando em conta que não atinge nem 10% de todo o lixo produzido, e por isso mesmo os outros 90% vão para aterros, causando graves danos ao Meio Ambiente.  Contentar-se com o sucesso de reciclar 10% de lixo é, no mínimo, uma brincadeira. Torna-se urgente, portanto, olhar para esta questão de frente e a enfrentar, ou então continuar a fingir que fazemos a nossa parte, tapando o sol com a peneira. Infelizmente, até agora, as autoridades que teriam poder para isso e também nós todos estamos com esta última opção.

Por que não optar por ‘tolerância zero’ em relação à poluição do Meio Ambiente pelo lixo urbano?  Não é utopia nem tampouco um sonho. Dependendo da vontade política dos órgãos responsáveis pelas cidades, poderia se optar pelo programa radical e integral de reciclagem e tratamento de todo o lixo produzido em cada cidade. O objetivo seria inverter a situação, destinando à incineração e ao aterro posterior no máximo 10% de lixo, quando for realmente impossível o seu reaproveitamento. Ao invés de repassar para cada cidadão e cidadã a culpa e responsabilidade pelo desastre ecológico produzido pela nossa civilização, fazendo de conta que está cumprindo o seu papel, que tal o estado, através das prefeituras de todas as nossas cidades, tomar uma decisão radical e transformar todo o lixo em matéria prima, que voltaria a servir para a produção de novos bens e até se tornaria uma fonte de renda e lucro para essas cidades? 

A proposta radical, da qual estou me referindo, envolve primeiramente um projeto corajoso e completo que  a contempla a possibilidade de coleta  de todo o lixo produzido numa cidade (essa etapa já existe), para ser encaminhado para  uma usina de lixo.  Compreendo pela usina de lixo um complexo de áreas e instalações, para onde seria levado todo o lixo da cidade, passando primeiramente por uma seleção geral, depois mais detalhada (pelas esteiras) e, em seguida encaminhado para diversos setores, de acordo com a natureza dele.  

A seleção de lixo consistiria em separação de todos os diferentes tipos de material descartado:
- madeira (para fins de artesanato, fábricas de derivados de madeira, etc)
- papel (matéria prima para celulose)
- plástico (matéria prima para indústria de plásticos)
- borracha/ pneu (para trituração e uso industrial)
- isopor
- metal (para siderúrgica)
- alumínio (para indústria)
- vidro (matéria prima para indústria de vidro)
- componentes eletro/eletrônicos  (seleção e tratamento específico)
- material e entulhos provindos de construção civil
- pilhas e baterias usadas (tratamento específico)
- óleo usado de cozinha (matéria prima para produzir biocombustível)
- toda matéria orgânica (adubo)
- lixo hospitalar (destinado à incineração)
- outros

Para cada uma dessas categorias de material destinado para reciclagem, já existe, às vezes pouco divulgada, uma possibilidade de encaminhá-lo para as fábricas ou empresas específicas.  A grande parte do lixo urbano, desse jeito, retornaria para as fábricas em forma de matéria prima, trazendo lucro para a cidade e vantagens para os fabricantes. 

Existiria a necessidade e possibilidade de estabelecer parcerias e contratos entre a cidade e diversas fábricas e indústrias, possíveis receptoras de matérias primas extraídas do lixo.
No caso de matéria orgânica, ela pode ser transformada em adubos naturais, posteriormente vendidos, trazendo mais renda para a cidade.

Alguns tipos de materiais que fazem parte do lixo urbano, p. ex. componentes eletro/eletrônicos, entulhos de construção civil, isopor, espuma, panos, podem encontrar ainda outras maneiras de reciclagem e reaproveitamento, contando  com a parceria de Centros de Pesquisa das Universidades. Afinal, esta sim, seria a contribuição principal das Universidades Públicas para o bem concreto (e maior!) da sociedade, do país e da própria vida.

Uma pequena parte do lixo urbano, que não serviria para ser reciclada, poderia ser incinerada, e apenas ela (cerca de 10% do total) destinada ao aterro em forma de cinzas. Para esses fins seriam instalados incineradores, com filtros eficientes, para proteger o Meio Ambiente da emissão de gases poluentes.

O Tratamento Integral de Lixo Urbano, quando desenvolvido e implantado com toda a responsabilidade política e social, poderá empregar vários especialistas, capacitados para garantir o sucesso do empreendimento. Mas não é só isso. Constituiria também um impulso concreto e constante para o desenvolvimento econômico das cidades, diminuindo o impacto de agressão ao Meio Ambiente. 

Ademais, seria uma possibilidade de gerar dezenas de empregos bem pagos, para a população pobre de rua, ajudando na solução desse problema gravíssimo das nossas cidades. Um emprego estável e definido, com a carteira assinada, garantindo condições seguras de trabalho (uniforme, botas, luvas, etc.) – seria uma maneira digna de transformar a vida dessa camada da população. A preferência seria dada a todas essas pessoas que hoje vivem da coleta de lixo seletivo e aos moradores de rua. Isso implicaria em planejamento e ação continuada envolvendo o Serviço Social das prefeituras. Trabalhando amplamente e com grande competência o problema de lixo urbano, seria possível ao mesmo tempo dar um tratamento adequado a esse problema social que envolve a população de rua, que marca tristemente a vida de nossas cidades. Nem se fosse todo esse empreendimento só para  custear o destino aproveitável do lixo, a proteção do Meio Ambiente e a solução para esses alguns graves problemas sociais das cidades, seria válido apostar numa solução como esta, aparentemente radical, mas viável e possível.

Tem se notícias de que já existem pelo mundo algumas iniciativas similares, transformando o lixo em ‘lucro’ para aquelas cidades que adotaram esse tipo de tratamento. Por que não fazer o mesmo, na grande escala? Mesmo se esta fosse uma iniciativa inédita valeria a pena optar por ela, sabendo que é um investimento importantíssimo para melhoria da nossa vida e uma obrigação moral e vital para com o nosso Meio Ambiente, que já agora podemos preservar para as futuras gerações.
Walenty Cejnog 


Nenhum comentário:

Postar um comentário