“Fica connosco, Senhor, porque o dia está a terminar e vem
caindo a noite. Jesus entrou e ficou com eles.” (Lc 24, 29)
O
comentário bíblico de M. Asun Gutiérrez Cabriada sobre o texto Lucas 24, 13-35 (Discípulos de
Emaús) é muito interessante. É uma excelente
oportunidade para compreender melhor esse texto bíblico e fazer uma boa
reflexão.
WCejnog
Obs.:
Os interessados podem ler esse texto em
apresentação de PPS, acessando o site
das Monjas Beneditinas de Montserrat. www.benedictinescat.com Trabalho
muito bonito!
Re-conheceram Jesus. Jesus era para eles um grande
desconhecido.
Julgavam que O conheciam bem. Mas não O conheciam.
Tinham-Lhe lançado em cima todos os mantos, preconceitos e mitos do Messias Davídico,
e, debaixo de tanta roupagem, Jesus ficaa irreconhecível.
Jesus desaparecia sob o fardo de inumeráveiss interpretações de sábios Escribas, que não faziam mais nada que projetar sobre a Escritura os seus próprios preconceitos.
Julgavam que O conheciam bem. Mas não O conheciam.
Tinham-Lhe lançado em cima todos os mantos, preconceitos e mitos do Messias Davídico,
e, debaixo de tanta roupagem, Jesus ficaa irreconhecível.
Jesus desaparecia sob o fardo de inumeráveiss interpretações de sábios Escribas, que não faziam mais nada que projetar sobre a Escritura os seus próprios preconceitos.
Agora, de repente, conhecem-n’O, re-conhecem-n’O, voltam
a conhecê-l’O.
Agora, o próprio Jesus os ensina a ler bem. Como isso é
importante!
Aprenderam a ler as Escrituras a partir de Jesus, não ao contrário.
Antes liam o antigo e, com o antigo, vestiam Jesus.
E era fatal, o vinho novo enterrado nas borras dos odres velhos.
Agora interpretam as Escrituras à luz de Jesus.
E iluminam-se, entendem-se, vê-se que o velho é velho,
quantos acrescentos meramente humanos o velho contém.
Antes liam o antigo e, com o antigo, vestiam Jesus.
E era fatal, o vinho novo enterrado nas borras dos odres velhos.
Agora interpretam as Escrituras à luz de Jesus.
E iluminam-se, entendem-se, vê-se que o velho é velho,
quantos acrescentos meramente humanos o velho contém.
Põem-se à mesa, Jesus parte o pão, e os olhos
abrem-se-lhes:
As inolvidáveis refeições de Jesus, abertas a todos,
inclusive a eles,
que já se iam embora, desiludidos!
que já se iam embora, desiludidos!
Reconheceram Jesus na sua situação mais pessoal:
na ceia com os amigos, e no sinal mais representativo: o
pão.
José Enrique Galarreta
Comentário
Dois dos discípulos de
Jesus iam a caminho
duma povoação chamada
Emaús,
que ficava a sessenta
estádios de Jerusalém.
Conversavam entre si
sobre tudo
o que tinha sucedido.
Enquanto falavam e
discutiam,
Jesus aproximou-se
deles
e pôs-se com eles a
caminho.
Mas os seus olhos
estavam impedidos de O
reconhecerem.
O relato, exclusivo de Lucas,
recolhe temas muito apreciados por ele:
o caminho, a revelação progressiva, a fé, a hospitalidade…
o caminho, a revelação progressiva, a fé, a hospitalidade…
Como sempre, Jesus toma a
iniciativa , aproxima-se sem pressa, sem forçar a marcha, caminha na nossa
direção, à nossa altura, ao nosso ritmo, encontra-nos onde estamos.
Jesus continua a sair ao nosso
encontro no caminho da vida.
Caminha sempre conosco, mesmo que
os nossos olhos e o nosso coração, por vezes, não sejam capazes de O
reconhecer.
Ele perguntou-lhes:
- Que palavras são essas
- Que palavras são essas
que trocais entre vós
pelo caminho?
Pararam entristecidos. E um deles,
Pararam entristecidos. E um deles,
chamado Cléofas,
respondeu:
- Tu és o único habitante de Jerusalém
- Tu és o único habitante de Jerusalém
a ignorar o que lá se
passou estes dias?
E Ele perguntou:
- Que foi?
E Ele perguntou:
- Que foi?
Jesus faz-nos essa mesma pergunta.
Que Lhe respondemos?
Que é que nos preocupa e o que nos ocupa enquanto caminhamos?
De que falamos? As nossas conversas são profundas, alegres, positivas, construtivas? É Jesus e o seu Reino tema frequente nas nossas conversas?
De que falamos? As nossas conversas são profundas, alegres, positivas, construtivas? É Jesus e o seu Reino tema frequente nas nossas conversas?
A tristeza não é o sentimento próprio das pessoas
crentes.
A alegria faz parte do Reino de Deus trazido por Jesus.
A alegria faz parte do Reino de Deus trazido por Jesus.
Caminhamos pela vida com cara e
atitude de alegria, de paz, de confiança?
Eles responderam-Lhe:
- O que se refere a Jesus de Nazaré,
- O que se refere a Jesus de Nazaré,
profeta poderoso em
obras e palavras
diante de Deus e de
todo o povo;
e como os príncipes
dos sacerdotes
e os nossos chefes O
entregaram
para ser condenado à
morte e crucificado.
Nós esperámos que
fosse Ele
quem havia de libertar
Israel. Mas, afinal,
já é terceiro dia
depois que isto aconteceu.
É verdade que algumas
mulheres
do nosso grupo nos
sobressaltaram:
foram de madrugada ao
sepulcro,
não encontraram o
corpo de Jesus
e vieram dizer que
lhes tinham aparecido
uns anjos a anunciar
que Ele estava vivo.
Mas a Ele não O viram.
Esperavam… mas já não esperam.
Aferram-se às suas expectativas, sem crer no que Jesus tinha dito.
Conhecem de memória as Escrituras,
têm todos os dados, mas falta-lhes a fé que lhes dá sentido. Aplicam a Jesus a
sua própria interpretação da Palavra. Não podiam esquecer o Mestre, as suas
palavras, os seus projetos, os seus sinais, a sua força, a sua verdade, tanta
misericórdia... E não podiam esquecer a dramática condenação e a execução na
cruz. Pensam que a cruz foi o fim.
Jesus vai-nos ensinar a diferença
entre a autêntica esperança e as falsas ilusões, entre o plano de Deus e os
próprios planos, entre o que nos gostaria que aconteça e o que acontece na
realidade.
Então Jesus
disse-lhes:
- Homens sem inteligência e lentos de espírito
- Homens sem inteligência e lentos de espírito
para acreditar em tudo
o que os profetas anunciaram!
Não tinha o Messias de
sofrer tudo isso
para entrar na sua
glória?
Depois, começando por Moisés
Depois, começando por Moisés
e passando por todos
os profetas, explicou-lhes
em todas as Escrituras
o que Lhe dizia respeito.
Crer na ressurreição, captar todo
o seu alcance, é um processo, requer tempo.
Também a nós Jesus nos explica as
Escrituras. Diz-nos que nelas encontramos as palavras que nos ajudam a passar
da escuridão à luz, da tristeza à esperança, da solidão à felicidade do
encontro, do medo à audácia. Lemos a Palavra com perguntas e ela nos interroga.
Recorda-nos que a Jesus O encontramos nas pessoas, principalmente nas
empobrecidas e excluídas.
A Palavra revela-nos o Deus de
Jesus e a nós mesmos.
Ao chegarem perto da
povoação para onde iam,
Jesus fez menção de ir
para diante.
Mas eles
convencaram-n’O a ficar, dizendo:
- Fica connosco,
Senhor,
porque o dia está a
terminar
e vem caindo a noite.
Jesus entrou e ficou com eles.
Jesus entrou e ficou com eles.
Mesmo que continuem sem reconhecer
Jesus, põem em prática a atitude de acolhimento e a hospitalidade aprendidas
d’Ele. Não é um convite de compromisso, é um grito da alma. Um pedido que brota
do Espírito.
Se te afastas chega a noite.
Se nos deixas, voltarão as
dúvidas, não teremos luz.
Se não ficas conosco, voltaremos
às nossas discussões e tristezas.
Jesus fica. Veio para ficar
conosco.
Acompanha-nos sempre no nosso
caminho.
E quando se pôs à
mesa, tomou o pão,
recitou a bênção,
partiu-o e entregou-lho.
Nesse momento
abriram-se-lhes os olhos
e reconheceram-n’O.
Mas Ele desapareceu da
sua presença.
Reconhecem-nos a nós, cristãos,
por partilhar o nosso pão, o nosso tempo, a nossa solidariedade, a nossa
alegria..?
Alguém reconhece a Jesus através
das nossas palavras e dos nossos gestos?
Uma vez recuperada a fé, já não
nos faz falta a presença física.
Já não se necessita ver para crer.
Disseram então um para
o outro:
- Não ardia cá dentro o nosso coração,
- Não ardia cá dentro o nosso coração,
quando Ele nos falava
pelo caminho
e nos explicava as
Escrituras?
Partiram, imediatamente de regresso a Jerusalém
Partiram, imediatamente de regresso a Jerusalém
e encontraram reunidos
os Onze
e os que estavam com
eles, que diziam:
- Na verdade, o Senhor
ressuscitou
e apareceu a Simão.
A fé traz consigo conversão; dar a
volta. A viagem de ida é triste, pessimista, com os olhos fechados, com grande
desilusão. Mas aconteceu algo decisivo: Jesus saiu ao seu encontro. Recuperaram
a fé e a esperança. E regressam cheios de alegria, abertos os olhos do coração
e da inteligência, impacientes, com entusiasmo e necessidade de anunciar a Boa
Notícia.
O encontro será uma festa, todos
viram Jesus ressuscitado.
E eles contaram o que
tinha acontecido
pelo caminho
e como O tinham
reconhecido
ao partir do pão.
E nós? Nota-se alguma mudança na
nossa vida? Contamo-lo? Estamos ainda na "viagem de ida" ou na
“viagem de volta”? Ainda na penumbra e na tristeza, ou já na luz e na alegria?
Na covardia ou na valentia do testemunho?
Sabemos que Jesus ressuscitado
está na pessoa desconhecida, no peregrino que se aproxima, na escuta da
Palavra, no acolhimento, no partilhar.
É nossa missão: anunciar a Boa
Notícia, dar testemunho credível “do que vimos e ouvimos”.
Onde
estás?
Onde estou me perguntas?
A teu lado estou, amigo, na noite da espera,
na aba da vida, no vento da serra,
na tarde despovoada, no sonho que não sonha,
na fome desgarrada e no pão para a mesa,
na felicidade partilhada e na isolada amarga pena (...)
na aba da vida, no vento da serra,
na tarde despovoada, no sonho que não sonha,
na fome desgarrada e no pão para a mesa,
na felicidade partilhada e na isolada amarga pena (...)
No silêncio selado e no grito de protesto.
Na cruz de cada dia e na morte que se aproxima.
Na luz da outra margem e no meu amor como resposta. (...)
Onde estou, me perguntas?
A teu lado estou, amigo; vivo e caminho na terra,
peregrino para Emaús para ma sentar à tua mesa;
ao partir de novo o pão descobrirás a minha presença.
ao partir de novo o pão descobrirás a minha presença.
Estou aqui, convosco, com a alma em flor desperta,
nesta Páscoa de amor galopando pelas veias
do vosso sangue empapado de um Deus que vive e sonha.
nesta Páscoa de amor galopando pelas veias
do vosso sangue empapado de um Deus que vive e sonha.
Onde estou, me perguntas?.
A teu lado estou, amigo; despe-te à surpresa,
abre os olhos e olha para dentro e para fora,
abre os olhos e olha para dentro e para fora,
que no lagar da dor tenho as minhas alegrias e penas,
e no engenho do amor, eu, teu Deus, chamo à porta.
e no engenho do amor, eu, teu Deus, chamo à porta.
Onde estou, me perguntas?
NA TUA VIDA, é a resposta.
Antonio Bellido