Episódio
bíblico: Jesus ressuscita o Lázaro (Jo 11, 1-45).
Abaixo, uma reflexão muito interessante,
profunda e atual sobre o tema da morte, do padre e teólogo espanhol José
Antônio Pagola.
Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
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IHU – Notícias
Sexta, 04 de Abril de 2014.
Um profeta que
chora
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 11, 1-45 que
corresponde ao Quarto Domingo de Quaresma, Ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José
Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o texto
Jesus nunca oculta o Seu carinho com
três irmãos que vivem em Betânia. Seguramente são os que O acolhem em sua casa
sempre que sobe a Jerusalém. Um dia Jesus recebe um recado: o nosso irmão Lázaro, “o Teu amigo”, está doente.
Passado pouco tempo, Jesus encaminha-se para a pequena aldeia.
Quando se apresenta, Lázaro já morreu. Ao vê-Lo chegar, Maria, a
irmã mais nova, começa a chorar. Ninguém a pode consolar. Ao ver chorar a Sua
amiga e também aos judeus que a acompanham, Jesus não pode conter-se. Também
Ele “se põe a chorar” junto deles. As pessoas comentam: “Como lhe queria!“.
Jesus não chora só pela morte de um
amigo muito querido. Parte-se
a alma ao sentir a impotência de todos ante a morte. Todos levamos no mais íntimo do nosso
ser um desejo insaciável de viver. Porque temos de morrer? Porque é que a vida não
é mais ditosa, mais longa, mais segura, mais vida?
O homem de hoje, como o de todas as
épocas, leva cravada no seu coração a pregunta mais inquietante e mais difícil
de responder: Que
vai ser de todos e cada um de nós? É inútil tratar de nos enganarmos. Que
podemos fazer? Rebelar-nos? Deprimir-nos?
Sem dívida, a reação mais
generalizada é esquecer-nos e continuar “a seguir vivendo”. Mas, não está o ser
humano chamado a viver a sua vida e a viver-se a si mesmo com lucidez e
responsabilidade? Só
no nosso fim temos de nos aproximarmos de forma inconsciente e irresponsável,
sem tomar qualquer postura?
Ante o mistério último do nosso
destino não é possível apelar a dogmas científicos nem religiosos. Não nos
podem guiar mais além desta vida. Mais honrada parece a postura do escultor
Eduardo Chillida a quem, em certa ocasião, escutei dizer: “Da morte, a razão diz-me que é definitiva. Da razão, a razão
diz-me que é limitada”.
Os cristãos, não sabemos da outra
vida mais que os outros. Também nós nos temos de aproximar com humildade ao
acontecimento obscuro da nossa morte. Mas fazemo-lo
com uma confiança radical na Bondade do Mistério de Deus que vislumbramos em
Jesus. Esse Jesus a quem, sem o termos visto, amamos e, sem o
ver ainda, lhe damos a nossa confiança.
Esta confiança não pode ser entendida
de fora. Só pode ser vivida por quem respondeu, com fé simples, às palavras de
Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Acreditas tu, nisto?”. Recentemente,
Hans Küng, o teólogo católico mais crítico do século vinte, próximo do seu fim,
disse que para ele morrer é “descansar no mistério da misericórdia de Deus”.
Fonte: IHU - Notícias
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