“- Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, ainda que tenho
morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em mim, nunca morrerá.
Acreditas nisto? Disse-lhe Marta: -
Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao
mundo.” (Jo 11, 25-27)
O
epísódio bíblico em que Jesus ressuscita o seu amigo morto, Lázaro, é muito
conhecido e comentado. Porém, uma reflexão profunda e sincera sobre esse milagre de Jesus é capaz
de comover a qualquer pessoa que procura a entender melhor esse texto.
Abaixo,
um comentário bíblico fascinante de M. Assun Gutiérrez
Cabriada sobre
o texto Jo 11, 1-45.
Vale
a pena ler!
WCejnog
Obs.:
Os interessados podem ler esse texto em
apresentação de PPS, acessando o site
das Monjas Beneditinas de Montsserrat: benedictinescat.com/montserrat . Trabalho muito bonito!
No projeto criador de Deus as pessoas não estão
destinadas à morte,
mas à vida plena e definitiva.
Tal é o projeto do Pai e a obra messiânica de Jesus.
A comunidade cristã que ainda vê na morte a interrupção
da vida não alcançou a plenitude da fé, por não ter compreendido a qualidade da vida que Jesus comunica.
Não estamos ameaçados de morte.
Estamos “ameaçados de vida”.
Florentino Ulibarri
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A luz, a água, a vida... definições de Deus em Quaresma,
o tempo de penitência,
o tempo de cor morado,
o tempo em que não se recita o “Glória” nas missas.
Quem e porquê deformou tanto a imagem da Quaresma, a
imagem de Deus?
Recordemos o itinerário que temos seguido nestes cinco
domingos.
- Primeiro Domingo: Jesus vencedor da tentação.
- Segundo Domingo: A Transfiguração, a Vida oculta.
- Terceiro Domingo: Deus é Água no deserto.
- Quarto Domingo: Deus é Luz na escuridão.
- Quinto Domingo: Deus é a Vida.
- Quarto Domingo: Deus é Luz na escuridão.
- Quinto Domingo: Deus é a Vida.
E nós, por nossa conta, à margem
da Palavra, continuamos empenhados em dizer: “Somos pecadores, ou seja,
culpados, merecedores de castigo.
Fazemos penitência para conseguir
o perdão do Juiz”. Por este caminho, chegaremos a dizer que o Juiz, severo e
justiceiro, não abrandará senão quando vir o sangue de Jesus, derramado como
pagamento por nossos pecados.
Quem inventou este Deus?
Todo o ensinamento de Jesus está
encaminhado para entender que Deus é mãe.
O medo a Deus ficou na
pré-história.
Move-nos o amor a Deus, o amor à
Luz, o desejo da Água, a fé na Vida.
Celebramos com alegria que Deus é
Água, Luz e Vida.
José Enrique Ruiz de Galarreta.
Naquele tempo, estava
doente certo homem,
Lázaro de Betânia,
aldeia de Marta e
de Maria, sua irmã.
Maria era aquela que
tinha ungido
o Senhor com perfume e
lhe tinha
enxugado os pés com os
cabelos.
Era seu irmão Lázaro
que estava doente.
As irmãs mandaram
então dizer a Jesus:
- Senhor, o teu amigo está doente.
Ouvindo isto, Jesus disse:
- Senhor, o teu amigo está doente.
Ouvindo isto, Jesus disse:
- Esta doença não é
mortal,
mas é para a glória de
Deus,
para que por ela seja
glorificado
o Filho do homem.
O quarto evangelho é o único que
conta a ressurreição de Lázaro em Betânia, aldeia próxima de Jerusalém. É o
último dos sete sinais narrados na primeira parte do quarto evangelho. A Vida
antecipa-se como primícia e primavera com a ressurreição de Lázaro.
Jesus, desde o princípio, mostra-se
vencedor da sua morte e da nossa. Torna-nos participantes da sua vida
ressuscitada, contagia-nos eternidade.
Jesus era amigo de
Marta,
de sua irmã e de
Lázaro.
Entretanto, depois de
ouvir dizer
que ele estava doente,
ficou ainda dois dias
no local
onde Se encontrava.
Jesus recebeu a mensagem da
situação de Lázaro, ninguém lhe pediu que fosse. Jesus teve amigos. Conheceu a
alegria, os laços doces, fortes, seguros e entranháveis da amizade. Jesus
valoriza, cultiva e cuida a amizade.
Nós somos seus amigos porque nos
dá a conhecer tudo o que ouviu do Pai (Jo. 15,15).
Depois disse aos
discípulos:
- Vamos de novo para a Judeia.
Os discípulos disseram-lhe:
- Mestre, ainda há pouco os judeus
- Vamos de novo para a Judeia.
Os discípulos disseram-lhe:
- Mestre, ainda há pouco os judeus
procuravam
apedrejar-Te
e voltas para lá?
Jesus respondeu:
- Não são doze as horas do dia?
Se alguém andar de dia, não tropeça,
porque vê a luz deste mundo.
Mas se andar de noite, tropeça
e voltas para lá?
Jesus respondeu:
- Não são doze as horas do dia?
Se alguém andar de dia, não tropeça,
porque vê a luz deste mundo.
Mas se andar de noite, tropeça
porque não tem a luz
consigo.
Jesus volta à Judeia arriscando a
sua vida. Está disposto a assumir o maior risco para ajudar a quem necessita
d’Ele.
Perante o temor dos discípulos,
recorda-lhes que a sua missão se exerce no momento oportuno e em plena luz. As trevas, nas quais vivem os que O perseguem
e rejeitam, não O fazem vacilar.
O medo mata. Os seus seguidores
deverão continuar a sua tarefa em plena luz e sem temores. O perigo de ir à
Judeia, as dificuldades da vida, podem enfrentar-se porque Jesus, a Luz, as
ilumina e lhes dá sentido.
Dito isto,
acrescentou:
- O nosso amigo Lázaro dorme,
- O nosso amigo Lázaro dorme,
mas Eu vou
despertá-lo.
Disseram então os discípulos:
- Senhor, se dorme, estará salvo.
Jesus referia-se à morte de Lázaro,
Disseram então os discípulos:
- Senhor, se dorme, estará salvo.
Jesus referia-se à morte de Lázaro,
mas eles entenderam
que falava do sono natural.
Disse-lhes então Jesus
abertamente:
- Lázaro morreu; por vossa causa,
- Lázaro morreu; por vossa causa,
alegro-me de não ter
estado lá,
para que acrediteis.
Mas, vamos ter com ele.
Tomé, chamado Dídimo, disse aos companheiros:
- Vamos nós também, para morrermos com Ele.
Tomé, chamado Dídimo, disse aos companheiros:
- Vamos nós também, para morrermos com Ele.
Jesus atua sempre para nosso bem,
dando-nos motivos para que aumente a nossa paz e a nossa confiança e amadureça
a nossa fé.
A doença e a morte não têm a
última palavra. São superadas pelo autor da Vida, que é capaz de despertar e
curar. A vida que Jesus comunica vence a morte. A morte é um sonho. O nosso
destino é a Vida.
“ A morte, para um cristão é o último amém da
sua vida e o primeiro aleluia da sua vida nova “ (Pedro Arrupe)
Ao chegar, Jesus
encontrou o amigo
sepultado havia quatro
dias.
Betânia distava de
Jerusalém
cerca de três quilômetros.
Muitos judeus tinham
ido visitar
Marta e Maria, para
lhes apresentar
condolências pela
morte do irmão.
Quando ouviu dizer que
Jesus estava a chegar,
Marta saiu ao seu
encontro,
enquanto Maria ficou
sentada em casa.
Marta disse a Jesus:
- Senhor, se tivesses estado aqui,
- Senhor, se tivesses estado aqui,
meu irmão não teria morrido.
Mas sei que, mesmo
agora,
tudo o que pedires a
Deus,
Deus to concederá.
Marta acreditava em Jesus,
conhecia os seus milagres e curas. Por isso lamenta que tenha chegado “tarde”.
Esperava que Jesus curasse seu irmão, não que o fizesse reviver. Tem uma fé que
ainda deve crescer. A sua fé treme perante o “incompreensível” proceder de
Jesus, que tinha esperado mais além de todo o limite para intervir.
Mesmo que nos pareça ausente, Jesus vem à nossa vida também nos momentos difíceis e aparentemente irremediáveis, para nos devolver o ânimo, a fé e a esperança e encher-nos de autêntica vida.
Talvez o que pedimos e esperamos
não seja o que mais nos convém nem o que necessitamos.
Disse-lhe Jesus:
- Teu irmão ressuscitará.
- Teu irmão ressuscitará.
Marta respondeu:
- Eu sei que há-de ressuscitar
- Eu sei que há-de ressuscitar
na ressurreição, no
último dia.
Disse-lhe Jesus:
- Eu sou a ressurreição e a vida.
- Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem acredita em mim,
ainda que tenho
morrido, viverá;
e todo aquele que vive
e acredita em mim,
nunca morrerá.
Acreditas nisto?
Disse-lhe Marta:
- Acredito, Senhor, que Tu és o Messias,
Disse-lhe Marta:
- Acredito, Senhor, que Tu és o Messias,
o Filho de Deus,
que havia de vir ao
mundo.
Jesus faz-nos a mesma pergunta que
a Marta. Acreditas nisto?
Crês na ressurreição? Crês na tua ressurreição pessoal?
Com Jesus somos destinados, já a
partir de agora, à vida que não acaba.
É a transição da fé tradicional à
novidade de Jesus. A vida eterna não é só uma esperança para o futuro, mas uma
realidade que já começou. Jesus arranca da boca de uma mulher, Marta, uma
confissão de fé semelhante à de Pedro nos evangelhos sinópticos:
«Tu és o Messias, o Filho de Deus».
«Tu és o Messias, o Filho de Deus».
Dito isto, retirou-se
e foi chamar Maria,
a quem disse em
segredo:
- O Mestre está ali e manda-te chamar.
Logo que ouviu isto, Maria
- O Mestre está ali e manda-te chamar.
Logo que ouviu isto, Maria
levantou-se e foi ter
com Jesus.
Jesus ainda não tinha
chegado à aldeia,
mas estava no lugar em
que Marta
viera ao seu encontro.
Então os judeus que estavam com Maria
Então os judeus que estavam com Maria
em casa para lhe
apresentar condolências,
ao verem-na
levantar-se e sair rapidamente,
seguiram-na, pensando
que se dirigia
ao túmulo para chorar.
Quando chegou onde
estava Jesus,
Maria, logo que O viu,
caiu-lhe aos pés e
disse-lhe:
- Senhor, se tivesses estado aqui,
- Senhor, se tivesses estado aqui,
meu irmão não teria
morrido.
Maria responde com prontidão ao
chamamento que Marta lhe transmite.
A todos os seus seguidores Jesus chama a escutar, acolher, desfrutar, viver... a sua Palavra libertadora.
A todos os seus seguidores Jesus chama a escutar, acolher, desfrutar, viver... a sua Palavra libertadora.
A comunicar, como Marta, aos
outros que Jesus os está a chamar.
A acudir, como Ele, para que
tenham mais e melhor vida tantas pessoas, irmãos nossos, que vivem mal, sofrem
e morrem,
Jesus, ao vê-la
chorar, e vendo chorar
também os judeus que vonham com ela,
comoveu-se
profundamente e perturbou-se.
Depois perguntou:
- Onde o pusestes?
Responderam-Lhe:
- Vem ver, Senhor.
E Jesus chorou.
Diziam então os judeus:
- Vede como era seu amigo!
Depois perguntou:
- Onde o pusestes?
Responderam-Lhe:
- Vem ver, Senhor.
E Jesus chorou.
Diziam então os judeus:
- Vede como era seu amigo!
Jesus, perante a dor dos outros,
chora e comove-se, aproxima-se, acompanha, compadece-se. Manifesta claramente
os seus sentimentos. Bom modelo para sabermos como atuar.
Jesus vive em todas as
circunstâncias o mais profundo da realidade humana. Entende e vive todos os
sentimentos humanos: alegria e tristeza, ternura e rejeição, amor e traição.
Mas alguns deles
observaram:
- Então Ele, que abriu os olhos ao cego,
- Então Ele, que abriu os olhos ao cego,
não podia também ter
feito
que este homem não
morresse?
Entretanto, Jesus, intimamente comovido,
Entretanto, Jesus, intimamente comovido,
chegou ao túmulo. Era
uma gruta,
com uma pedra posta à
entrada.
Disse Jesus:
- Tirai a pedra.
Respondeu Marta, irmã do morto:
- Já cheira mal, Senhor,
- Tirai a pedra.
Respondeu Marta, irmã do morto:
- Já cheira mal, Senhor,
pois morreu há quatro
dias
Disse Jesus:
Disse Jesus:
- Eu não te disse que,
se acreditasses,
verias a glória de
Deus?
Jesus põe em pé o que está caído, desata o que está atado, dá vida ao
que está morto. Marta acreditou e viu o seu irmão ressuscitado e a
sua fé robustecida. Trata-se de crer, de confiar em Jesus, de nos fiarmos na
sua Palavra, de a assumir na vida.
Tudo é possível para quem crê!
(Mc. 9, 23).
Anda e que se faça como
acreditaste! (Mt. 8, 13).
Faça-se em vós segundo a vossa fé!
(Mt. 9, 29)
A tua fé te curou! (Lc 7, 49)
Tiraram então a pedra.
Jesus, levantando os
olhos ao Céu, disse:
- Pai, dou-Te graças por me teres ouvido.
- Pai, dou-Te graças por me teres ouvido.
Eu bem sei que sempre me
ouves,
mas falei assim por
causa da multidão
que nos cerca, para
acreditarem que Tu me
enviaste.
A sua oração não é de petição mas
de ação de graças; sabe que é escutado.
A escuta constante, o louvor, a ação
de graças são o fundamento
da oração dos crentes. Como a de Jesus.
da oração dos crentes. Como a de Jesus.
Dito isto, bradou com
voz forte:
-Lázaro, sai para fora.
-Lázaro, sai para fora.
Estou encerrado no egoísmo, na
preguiça, no derrotismo, no infantilismo, na falta de solidariedade, na estéril
mediocridade?
Jesus repete-me: "sai para
fora".
De que sepulcros me recomenda
Jesus que eu saia?
De que ligaduras me tenho que
libertar?
O morto saiu, de mãos
e pés enfaixados
com ligaduras e o
rosto envolvido num sudário.
Disse-lhes Jesus:
- Desligai-o e deixai-o ir.
Então muitos judeus, que tinham ido visitar
Disse-lhes Jesus:
- Desligai-o e deixai-o ir.
Então muitos judeus, que tinham ido visitar
Maria, ao verem o que
Jesus fizera,
acreditaram n’Ele.
Necessitamos, como Lázaro, sair
dos nossos sepulcros e desprender-nos das vendas e ligaduras que nos impedem
ver e avançar no caminho para a plenitude que percorremos com Jesus. Ele nos
liberta de ligaduras, faz-nos sair de todos os nossos sepulcros: das nossas
dúvidas, medos, egoísmos, preconceitos, tristezas, rotinas, covardias... E nos
recomenda tirar as vendas, levantar e remover as pedras de tantos lázaros que
encontramos pelo caminho.
Ressuscitando Lázaro, Jesus confirmou a fé de Marta, a de muitos dos presentes e a nossa.
Ressuscitando Lázaro, Jesus confirmou a fé de Marta, a de muitos dos presentes e a nossa.
Ar puro
O ar puro da manhã
anuncia a sua presença
e proclama o seu direito a entrar em cada casa.
Abre-lhe as portas.
Tira de ti as escamas.
Levanta a tua cara.
Enche o teu peito.
Abraça-o com as tuas mãos humanas.
Deixa esse tufo ácido que te sufoca,
esquece mortalhas passadas,
enxuga as tuas lágrimas,
fala, canta,
lança fora a desesperança.
Não deixes que te tolham, planta.
Pensa nas auroras que hão-de vir.
Põe cerco às recordações que te atam.
Deixa entrar a manhã clara em tua casa,
e que Deus se sinta à vontade
dizendo-te a sua palavra cheia de frescura.
anuncia a sua presença
e proclama o seu direito a entrar em cada casa.
Abre-lhe as portas.
Tira de ti as escamas.
Levanta a tua cara.
Enche o teu peito.
Abraça-o com as tuas mãos humanas.
Deixa esse tufo ácido que te sufoca,
esquece mortalhas passadas,
enxuga as tuas lágrimas,
fala, canta,
lança fora a desesperança.
Não deixes que te tolham, planta.
Pensa nas auroras que hão-de vir.
Põe cerco às recordações que te atam.
Deixa entrar a manhã clara em tua casa,
e que Deus se sinta à vontade
dizendo-te a sua palavra cheia de frescura.
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