”Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e
preceitos humanos’. Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição
dos homens”. (Mk 7,7-8)
Hoje trago para o blo
Indagações-Zapytania uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto
bíblico Mc 7,1-8.14-15.21-23 (A
questão de pureza e impureza). É de autoria do padre e teólogo
espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Muito atual. Vale a pena ler e
refletir!
WCejnog
IHU - Notícias
Sexta, 28 de agosto de 2015
Não
nos agarrarmos a tradições humanas
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 7,1-8.14-15.21-23 que corresponde ao 22º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis
o texto
Não
sabemos quando nem onde ocorrerá o confronto. Ao evangelista só lhe interessa
evocar a atmosfera em que se move Jesus, rodeado de mestres da lei, observantes
escrupulosos das tradições, que resistem cegamente à novidade que o Profeta do
amor quer introduzir
nas suas vidas.
Os fariseus observam indignados que os seus
discípulos comem com as mãos impuras. Não o podem tolerar: «Por que é que os
Teus discípulos não seguem as tradições dos mais velhos?». Apesar de falarem
dos discípulos, o ataque é dirigido a Jesus. Têm razão. É Jesus quem está a
romper essa obediência cega às tradições ao criar à sua volta um «espaço de
liberdade» onde o decisivo é o amor.
Aquele grupo de mestres religiosos não entendeu nada do reino de Deus
que Jesus lhes está a anunciar. Nos seus corações não reina Deus. Continuam a
reinar a lei, as normas, os usos e os costumes marcados pelas tradições. Para
eles o importante é observar o estabelecido pelos «mais velhos». Não pensam no
bem das pessoas. Não os preocupa «procurar o reino de Deus e da Sua justiça».
O erro é grave. Por isso, Jesus responde-lhes com palavras duras: «Vós deixais
de lado o mandamento de Deus para agarrarem-se à tradição dos
homens».
Os doutores falam com veneração da «tradição dos mais velhos» e
atribui-lhes autoridade divina. Mas
Jesus qualifica-a de «tradição humana». Não há que confundir jamais a vontade
de Deus com o que é fruto dos homens.
Seria também hoje um grave erro que a Igreja ficasse prisioneira de
tradições humanas dos nossos antepassados, quando tudo nos está a chamar a uma
conversão profunda a Jesus Cristo, nosso único Mestre e Senhor. O
que nos deve preocupar não é conservar intacto o passado, mas fazer o possível
para o nascimento de
uma Igreja e de comunidades cristãs capazes de reproduzir com fidelidade o
Evangelho e de atualizar o projeto do reino de Deus na sociedade contemporânea.
A nossa responsabilidade primeira não é repetir o passado, mas fazer o possível nos nossos dias para
acolher Jesus Cristo, sem ocultá-lo nem obscurecê-lo com
tradições humanas, por muito veneráveis que nos possam parecer.
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