“Disse, então, sua mãe aos serventes: “Fazei o que ele vos
disser”. (Jo 2,5)
Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano
de fundo o texto bíblico Jo 2,1-11.
É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU
- Notícias
Sexta, 15 de janeiro de
2016
Linguagem de gestos
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo João 2,1-11 que
corresponde ao 2° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O
teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o texto
O evangelista João não
disse que Jesus fez “milagres” e “prodígios”. Ele chama-lhes “sinais”
porque são gestos que apontam em direção a algo mais profundodo que podem
ver os nossos olhos. Em concreto, os sinais que Jesus realiza orientam para a
sua pessoa e mostram-nos a sua força salvadora.
O sucedido em Caná da
Galileia é o começo de todos os sinais. O protótipo
dos que Jesus irá levando a cabo ao longo da sua vida. Nessa “transformação da
água em vinho” nos é proposta a chave para captar o tipo de transformação
salvadora que opera Jesus e que, em seu nome, devem de oferecer seus
seguidores.
Tudo ocorre durante um
casamento, a festa humana por excelência, o símbolo mais expressivo do amor, a
melhor imagem da tradição bíblica para evocar a comunhão definitiva de Deus com
o ser humano. A salvação de Jesus Cristo deve ser vivida e oferecida
pelos seus seguidores como uma festa que dá plenitude às festas humanas quando
estas ficam vazias, “sem vinho” e sem capacidade de encher o nosso desejo de
felicidade total.
O relato sugere algo
mais. A água só pode ser saboreada como vinho quando, seguindo as palavras de
Jesus, é “retirada” de seis grandes tinas de pedra, utilizadas pelos
judeus para as suas purificações. A religião da lei escrita em tábuas
de pedra está esgotada; não há água capaz de purificar o ser humano. Essa
religião deve ser libertada pelo amor e pela vida que comunica Jesus.
Não se pode evangelizar
de qualquer forma. Para comunicar a força transformadora de Jesus
não bastam as palavras, são necessários os gestos. Evangelizar não é só falar, pregar ou ensinar;
menos ainda julgar, ameaçar ou condenar. É necessário atualizar, com fidelidade
criativa, os sinais que Jesus fazia para introduzir a alegria de Deus tornando
mais feliz a vida dura dos camponeses.
A muitos contemporâneos
a palavra da Igreja deixa-os indiferentes. As nossas celebrações
os aborrecem. Necessitam conhecer mais sinais próximos e amistosos por parte da
Igreja para descobrir nos cristãos a capacidade de Jesus para aliviar o
sofrimento e a dureza da vida.
Quem quererá escutar
hoje o que já não se apresenta como notícia alegre, especialmente se se faz
invocando o evangelho com tom autoritário e ameaçador? Jesus Cristo é esperado
por muitos como uma força e um estímulo para existir, e um caminho para viver
de forma mais sensata e alegre. Se só conhecem uma
“religião
aguada” e não podem desfrutar algo da alegria festiva que Jesus
espalhava, muitos continuarão a afastar-se.
Fonte: IHU - Notícias
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