“Foi-lhe dado o livro
do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está
escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e
enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de
coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da
vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do
Senhor”. E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos
estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Ele começou a dizer-lhes:
“Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir”. (Lc 4, 17-21)
O comentário que trago
hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é
muito bom e bem atual. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Lc 1,1-4; 4,14-21 (Jesus em Nazaré).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale
a pena ler e interiorizar o conteúdo.
WCejnóg
IHU- Notícias
Sexta, 22 de janeiro de 2016
Na mesma direção
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus segundo Lucas 1,1-4; 4,14-21 que
corresponde ao 3° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Antes de começar a
narrar a atividade de Jesus, Lucas quer deixar muito claro aos seus leitores
qual é a paixão que impulsiona o Profeta da Galileia e qual é a meta de toda a
sua atuação. Os cristãos devem saber para qual direção o Espírito de
Deus empurra Jesus, pois segui-lo é precisamente caminhar na sua mesma
direção.
Lucas descreve com todo
o detalhe o que faz Jesus na sinagoga da sua aldeia: põem-se de pé, recebe o
livro sagrado, procura ele mesmo uma passagem de Isaías, lê o texto,
fecha o livro, devolve-o e senta-se. Todos devem escutar com atenção as
palavras escolhidas por Jesus, pois elas expõem a tarefa pela qual ele se sente
enviado por Deus.
Surpreendentemente, o
texto não fala de organizar uma religião mais perfeita ou de implantar um culto
mais digno, mas de comunicar libertação, esperança, luz e graça aos
mais pobres e desgraçados. Isto é o que ele lê. «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu. Enviou-me a
anunciar a Boa Nova aos pobres, para anunciar aos cativos a liberdade, e aos
cegos a vista. Para dar liberdade aos oprimidos; para anunciar o ano da graça
do Senhor». Ao terminar, diz-lhes: «Hoje cumpre-se esta Escritura que acabais de ouvir».’
O Espírito de Deus atua
em Jesus enviando-o aos pobres, orientando toda a sua vida para os mais
necessitados, oprimidos e humilhados. É nesta direção que seus seguidores devem
trabalhar. Esta é a orientação que Deus, encarnado em Jesus, quer imprimir à
história humana. Os últimos devem ser os primeiros em conhecer essa
vida mais digna, liberta e ditosa que Deus quer já desde agora para todos
os seus filhos e filhas.
Não temos que esquecer.
A «opção pelos pobres» não é uma invenção de uns teólogos do século XX nem uma
moda posta em circulação depois do Vaticano II. É a opção do
Espírito de Deus que anima a vida inteira de Jesus, e que os seus seguidores
têm de introduzir na história humana. Dizia-o Paulo VI: é um dever da Igreja
«ajudar a que nasça a libertação... e fazer que seja total».
Não é possível viver e
anunciar Jesus Cristo se não é desde a defesa dos últimos e a
solidariedade com os excluídos. Se o que fazemos e proclamamos desde a Igreja
de Jesus não é captado como algo bom e libertador pelos que mais sofrem, que
evangelho estamos a pregar? Que Jesus estamos a seguir? A que nos estamos a
dedicar?
Dito de forma mais
clara: que impressão têm os cristãos? Estamos caminhando na mesma direção que
Jesus?
Fonte: IHU – Notícias
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