“E acrescentou: “Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem
aceito na sua pátria.” (Lc 4,24)
Abaixo, uma pequena mas muito
valiosa e atual reflexão para todos nós, os cristãos de hoje, mas de modo especial para os inconformados com muita
coisa errada que está acontecendo nos círculos eclesiásticos.
Acho que é muito importante buscarmos
com sinceridade a autencidade e o encanto da fé cristã simples e sólida,
baseada em Cristo Jesus.
O texto é de autoria do padre e
teólogo espanhol José Antonio Pagola e foi publicado pelo autor no seu espaço
no Facebook.
Não deixe de ler!
WCejnog
José Antônio pagola
31 de Janeiro 2016
Não precisamos de profetas?
"Um grande profeta surgiu entre nós". Assim gritavam nas aldeias da Galiléia as pessoas surpreendidas com as palavras e os gestos de Jesus. No entanto, não é isto o que acontece em Nazaré, quando Jesus se apresenta perante os seus vizinhos como ungido, como profeta dos pobres.
No início Jesus sente primeiro a sua admiração e depois a sua rejeição. Não se surpreende. Lembra-lhes um conhecido provérbio:
"Garanto-lhes que nenhum profeta é bem recebido em sua terra".
Depois, quando O expulsam para fora da cidade e tentam acabar com ele, Jesus os
abandona. O narrador diz que "Ele,
porém, passando pelo meio deles, retirou-se". Nazaré ficou sem o profeta Jesus.
Jesus é e age como profeta. Não é um sacerdote do templo nem um mestre da lei. Sua vida se insere na tradição profética de Israel. Ao contrário dos reis e sacerdotes, o profeta não é nomeado nem ungido por ninguém. Sua autoridade vem de Deus, empenhado em incentivar e orientar com seu Espírito o seu povo querido quando os dirigentes políticos e religiosos não sabem fazê-lo. Não é por acaso que os cristãos acreditam em Deus encarnado em um profeta.
Os traços do profeta são inconfundíveis. No meio de uma sociedade injusta, onde os poderosos procuram o seu bem-estar desprezando o sofrimento dos que choram, o profeta se atreve a ler e a viver a realidade desde a compaixão de Deus para com os últimos. Sua vida inteira se torna "presença alternativa", que critica as injustiças e chama à conversão e à mudança.
Por outro lado, quando a mesma religião se acomoda à uma ordem de coisas injustas e seus interesses já não respondem aos de Deus, o profeta abandona a indiferença e o autoengano, critica a ilusão de eternidade e absoluto que ameaça toda a religião e recorda a todos que só Deus salva. Sua presença introduz uma esperança nova, pois convida a pensar o futuro desde a liberdade e o amor de Deus.
Uma Igreja que ignora a dimensão profética de Jesus e de seus seguidores, corre o risco de ficar sem profetas. Estamos muito preocupados com a escassez de sacerdotes e pedimos vocações para o serviço presbiteral. Por que não pedimos que Deus suscite profetas? Não precisamos deles? Não sentimos necessidade de despertar o espírito profético em nossas comunidades?
Uma Igreja sem profetas, não corre o risco de caminhar surda aos apelos de Deus à conversão e mudança? Um Cristianismo sem espírito profético, não tem o risco de ser controlado por ordem, a tradição ou o medo da novidade de Deus?
Fonte: Facebook
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