“João disse: Eu
vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não
sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito
Santo e no fogo”. ”(Lc 3, 16)
O comentário que trago
hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é
muito interessante e, sobretudo, bem atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 3, 15-16. 21-22 ( Testemunho de João Batista
sobre Messias e o batismo de Jesus).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
WCejnóg
IHU - Notícias
Sexta, 08 de janeiro de
2016
Nova espiritualidade
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 3,15-16.21.22 que
corresponde ao Batismo de Jesus, Ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o texto
«Espiritualidade» é uma
palavra desafortunada. Para
muitos só pode significar algo inútil, afastado da vida real. Para que pode
servir? O que interessa é o concreto e prático, o material, não o espiritual.
No entanto, o «espírito»
de uma pessoa é algo valorizado na sociedade moderna, pois indica o
mais profundo e decisivo da sua vida: a paixão que a anima, a sua
inspiração última, o que contagia os outros, o que essa pessoa vai colocando no
mundo.
O espírito alenta os
nossos projetos e compromissos, configura o nosso horizonte de valores e a
nossa esperança. Segundo o nosso espírito, assim será a nossa
espiritualidade. E assim será também nossa religião e a nossa vida inteira.
Os textos que nos
deixaram os primeiros cristãos mostram-nos que vivem a sua fé em Jesus
Cristo como um forte «movimento espiritual». Sentem-se habitados pelo
Espírito de Jesus. Só é cristão quem foi
batizado com esse Espírito. «O que não tem o Espírito de Cristo não lhe
pertence». Animados por esse Espírito, vivem-No todo de forma nova.
O primeiro que muda
radicalmente é a sua experiência de Deus. Não vivem já com «espírito de
escravos», cansados pelo medo a Deus, mas com «espírito de filhos» que se
sentem amados de forma incondicional e sem limites por um Pai. O Espírito de
Jesus faz gritar-lhes do fundo do seu coração: Abbá, Pai! Esta experiência é o
primeiro que todos deveriam encontrar nas comunidades de Jesus.
Muda também a sua forma de
viver a religião. Já não se sentem «prisioneiros da lei», das normas e
dos preceitos, mas libertos pelo amor. Agora conhecem o que é viver
com «um espírito novo», escutando a chamada do amor e não com «a letra velha»,
ocupados em cumprir obrigações religiosas. Este é o clima que entre todos temos
de cuidar e promover nas comunidades cristãs, se queremos viver como Jesus.
Descobrem também o
verdadeiro conteúdo do culto a Deus. O que agrada ao Pai não são os ritos
vazios de amor, mas que vivamos «no espírito e na verdade». Essa vida vivida com o espírito de Jesus e da
verdade do Seu evangelho é para os cristãos o seu autêntico «culto
espiritual».
Não temos de esquecer o
que Paulo de Tarso dizia às suas comunidades: «Não apagueis o
Espírito». Uma igreja apagada, vazia do espírito de Cristo, não pode viver nem
comunicar a sua verdadeira Natividade. Não pode saborear nem contagiar a sua
Boa Nova. Cuidar da espiritualidade cristã é reavivar a nossa religião.
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