"Onde está o rei dos judeus que acaba de
nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo". (Mt 2,2)
O episódio dos três Reis Mágos, que vêm do Oriente
para encontrar o recém-nascido rei dos judeus, a fim de “adorá-Lo”, com certeza
é muito conhecido para todos os cristãos. O “Dia de Reis” faz parte do folclore
e das tradições de muitos povos.
Mas, qual seria a mensagem que esse relato bíblico hoje
transmite a todos nós? Como fazer uma leitura mais proveitosa e crítica desse
texto?
Aproveitando o “clima” do Dia de Reis, que ainda pouco
foi celebrado aqui no Brasil (domingo), e hoje, pelo calendário, è celebrado no mundo cristão, trago para o blog Indagações-Zapytania uma
curta, mas muito boa e concreta reflexão do teólogo espanhol José Antônio Pagola. Ela
tem como pano de
fundo o texto bíblico Mt 2, 1-12 (O relato sobre os Reis Mágos).
O texto foi
publicado pelo autor no Facebook.
Vale
a pena ler!
WCejnog
Por José Antonio Pagola
05/01/2016
05/01/2016
Relato desconcertante
Perante Jesus pode-se tomar atitudes muito diferentes. O relato dos magos nos fala da reação de três grupos de pessoas. Uns pagãos que o procuram, guiados pela pequena luz de uma estrela. Os representantes da religião do templo, que permanecem indiferentes. E o poderoso rei Herodes que só vê nele um perigo.
Os Magos não pertencem ao povo escolhido. Não conhecem o Deus vivo de Israel. Nada sabem de sua religião, nem da cidade de origem do Messías. Só que eles vivem atentos ao mistério que tranca-se no cosmos. O seu coração procura verdade.
Em algum momento acreditam ver uma pequena luz que aponta para um Salvador. Precisam de saber quem Ele é e onde está. Rapidamente se põem a caminho. Não conhecem o itinerário preciso que têm de seguir, mas no seu interior arde a esperança de encontrar uma luz para o mundo.
A sua chegada à cidade santa de Jerusalém provoca o sobressalto geral. Convocado por Herodes, reúne-se o grande conselho de "os sumos sacerdotes e os escribas do povo". Sua atuação é decepcionante. São os guardiões da verdadeira religião, mas não buscam a verdade. Representam o Deus do templo, mas vivem surdos a sua chamada. Sua segurança religiosa os cega. Sabem onde deve nascer o Messias, mas nenhum deles se aproximará de Belém. Se dedicam a dar culto a Deus, mas não suspeitam que seu mistério é maior do que todas as religiões, e tem seus caminhos para encontrar-se com todos os seus filhos e filhas. Nunca reconhecerão a Jesus.
O Rei Herodes, poderoso e brutal, só vê em Jesus uma ameaça para o seu poder e sua crueldade. Fará todo o possível para eliminá-lo. Desde o poder opressor só pode ser "crucificado" quem traz libertação.
Entretanto, os magos prosseguem a sua busca. Não caem de joelhos perante Herodes: não encontram nele nada digno de adoração. Não entram no templo grandioso de Jerusalém: têm proibido o acesso. A pequena luz da estrela os atrai para o pequeno povo de Belém, longe dos centros de poder.
Ao chegar, o único que vêem é o "menino com Maria, sua mãe". Nada mais. Uma criança sem esplendor nem qualquer poder. Uma vida frágil que precisa de cuidado de uma mãe. É suficiente para despertar nos magos a adoração.
O relato é desconcertante. A ESTE DEUS, escondido na fragilidade humana, não o encontram os que vivem instalados no poder ou trancados em segurança religiosa. Ele se revela àqueles, que, guiados por pequenas luzes, procuram incansavelmente uma esperança para o ser humano na ternura e na pobreza da vida.
Fonte: Facebook
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