Continuando a reflexão sobre o tema do sofrimento humano, agora apresento aqui o texto, de Ferdinand Krenzer, que fala da pedagogia e do amor de Deus em relação ao ser humano. Mostra a fidelidade de Deus. Ajuda-nos a entender a ação de Deus e a nossa própria situação. Procura responder às perguntas: O que quer dizer que o Amor de Deus veio a nós em Jesus Cristo? Como podemos entender melhor o plano da Salvação Divina?
Enfim, temos aqui a possibilidade de conhecermos melhor a maravilhosa doutrina que o cristianismo oferece à humanidade.
O autor oferece-nos uma meditação sem igual. Não deixe de ler.
Enfim, temos aqui a possibilidade de conhecermos melhor a maravilhosa doutrina que o cristianismo oferece à humanidade.
O autor oferece-nos uma meditação sem igual. Não deixe de ler.
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A fidelidade de Deus
Precisamos admitir: não é nada bonita a imagem do ser humano depois que a gente reflete com mais profundidade sobre o pecado e sobre o mal. A linha que rasga essa imagem passa de cima para baixo. (...)
Resumindo tudo mais uma vez, o que diz a doutrina cristã sobre o homem: É vontade de Deus que o ser humano fique em comunhão com Ele. A humanidade, através de cada pessoa, pronuncia o seu “Não” contra essa vontade Divina. Com isso está sendo destruída a harmonia entre Deus e as criaturas, e também entre um indivíduo e o outro, e entre ele e o mundo. O ser humano permanece no mal e entra na sombra do verdadeiro absurdo. Encontra-se em um “beco sem saída”.
Quando se fala dessa situação do mal ou o de “infelicidade” – todos, praticamente, a reconhecem. Mas, quando precisa argumentar esta ou outra teoria – aí as posições são muito diferentes. E quanto às propostas para sair do dilema – aparecem até extremamente opostas.
A pergunta sobre o mal e a desgraça do ser humano constitui um problema oculto de cada religião. Não vamos falar aqui de todas as teorias que pregam a auto-salvação, ensinadas por muitas outras religiões e, sobretudo, defendidas pelas correntes não religiosas das épocas passadas como, por exemplo: progresso, coletivismo, marxismo, humanismo, e etc. Talvez para certas pessoas as drogas, álcool, sexo e outras coisas parecidas também se apresentem como um tipo de tentativa para, pelo menos por algumas horas, livrarem-se da desesperança e conseguirem a harmonia, a satisfação com “Deus e o mundo” – como dizem – e serem totalmente felizes.
Para o cristianismo não tem dúvida quanto ao fato fundamental: mesmo que o progresso e todos os outros esforços humanos são necessários e possibilitem ir mais para frente, o homem, no entanto, não pode socorrer-se a si mesmo para sair da situação de infelicidade e do mal, igualmente como ninguém que está se afundando na lama consegue salvar-se apenas com os próprios recursos. O ser humano afastou-se livremente de Deus pelo pecado, mas agora, sozinho, ele não tem condições de voltar. Ajuda e socorro – nós, cristãos, falamos de “Salvação” – devem significar a superação dessa distância que nos separa de Deus. Mas, isso só pode acontecer se Deus assim o quiser – e isso aconteceu, porque Ele quis.
Em Jesus Cristo Ele novamente aproximou-se do ser humano, nele foi reconstruída, ainda mais gloriosa, a grandeza do ser humano, que outrora foi planejada por Deus. Graças a Ele o bem no mundo torna-se mais forte que o mal.
Deus fez uma coisa mais corajosa que aquelas que já foram feitas antes, e com isso novamente se mostrou como “Amor”: entrou no nosso mundo marcado pelo pecado. Na pessoa do seu Filho Ele próprio assumiu essa nossa situação infeliz, se tornou um de nós, se submeteu à nossa morte. No homem Jesus de Nazaré esse humano “Não” lançado contra Deus pela humanidade, tornou-se novamente “SIM”. Ele disse sobre si mesmo: “Meu alimento é fazer vontade daquele que me enviou e completar a sua obra” (Jo 4,34). Desta maneira o espaço que nos separa de Deus foi radicalmente vencido, por enquanto num ponto. Isto é em Jesus Cristo, e o domínio do pecado no mundo foi quebrado. Mesmo que o ser humano tenha se virado de costas para Deus, Deus não o abandonou. Pelo contrário, Ele tomou para si o sofrimento do mundo e com ele se compromete. Sim, Ele o assume até a raiz – mata o pecado. São Paulo usa expressão forte, dizendo: “Este, que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele fôssemos justiça de Deus” (2Cor 5, 21).
Deus e pecado – é uma associação que nós não podemos compreendê-la. No destino de Cristo transparece claramente todo o drama do afastamento do ser humano de Deus, porque a sua solidariedade conosco vai até o seu abandono na cruz: “Eloí, Eloí, lema sabachthani. O que quer dize: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Mc 15, 34), isto é, até o último limite do sofrimento humano e morte.
Neste contexto mais uma vez precisamos lembrar: Deus não gosta quando o ser humano sofre. Ele deseja a nossa felicidade e por isso se serve de algo mais sublime que pode existir – de si mesmo em Cristo. Se, nesta altura ainda precisamos algum argumento para provar o Amor Divino, que incessantemente nos é dado, é aqui que temos a prova: “Ninguém tem maior amor do que quem dá sua vida pelos amigos” (Jo 15, 13).
Como, no entanto, é insuficiente o conceito de muitas pessoas – também de muitos cristãos – sobre esse acontecimento salvífico. Dizem assim: O ser humano pecou. Deus ficou com raiva e exige uma punição justa. É necessária uma expiação infinitamente grande. O Filho sozinho se oferece e vai passar pelo terrível caminho de sofrimento: a justiça foi feita.
Não podemos pensar assim e desse jeito imaginar Deus como alguém que tem sido aplacado pelo sangue. Deus não age aqui para assegurar os próprios interesses. Antes, Ele quer resgatar o ser humano através de Cristo. Deus não exige, Ele dá. Deus não quer esforços, dor, morte, mas quer o bem, quer que o ser humano seja bom.
Um homem completamente bom era Jesus Cristo. Ele é o primeiro “homem puro”, o homem em todo sentido da palavra, porque nele revelou-se Deus. Graças a isso, nele o mal foi derrotado; por isso também, novamente, encontram-se consigo Deus e homem. Em Jesus Cristo a separação foi superada.
Se existe alguma “explicação” da cruz, ela é a seguinte: É somente o Amor Divino que pode fazer uma coisa assim! Somente ele consegue arriscar a própria dedicação e até mesmo a morte. É nesse Amor que Deus procura a proximidade e o contato com o homem afastado; o homem, que livremente se arruinou no pecado. O mal é corrigido não pela punição, mas pelo amor ainda maior. O Amor de Deus veio a nós em Jesus Cristo. Se os homens, pelo menos nesse momento, aceitassem a sua mensagem, ouvindo-a e acreditando nela, os sofrimentos e a cruz de Cristo poderiam ser evitados. Mas o homem novamente não se mostrou digno, e, então, de novo pelo “Não” do homem diante do Amor Divino – vem a dor e a morte.
Exatamente por causa disso que morre Este, que como Deus é imortal e que ensinava que é “a vida do mundo”. Mas a morte perdeu o significado, foi derrotada. Ela não pode parar Esse, que não lhe pertence: Jesus Cristo sai do túmulo. Com isso definitivamente foi quebrada a lei da morte. A morte de Cristo foi o primeiro sofrimento neste mundo que teve sentido. (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 105-107)*
Continua...
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*Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
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