Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 29 de abril de 2012

Sobre o livro "Todos os caminhos vão dar a Roma".



 “Talvez não haja nos Estados Unidos uma centena de pessoas que odeiam a Igreja Católica, mas há milhões de pessoas que odeiam o que erroneamente supõem que é a Igreja Católica”.
 (arcebispo Fulton Sheen , o mais famoso pregador do catolicismo nos EUA, falecido em 1979).

Nesta altura, provavelmente, muitas pessoas  já ouviram falar ou, talvez, já tenham lido o  livro de Scott e Kimberly Hahn,  entitulado Todos os caminhos vão dar a Roma. Esse livro conta uma emocionante   história da conversão ao catolicismo de um casal de pastores presbiterianos norte-americanos. Eles percorreram um longo e intenso caminho em busca da verdadeira Igreja de Cristo. Travaram uma verdadeira batalha enfrentando um número enorme de dúvidas, preconceitos e hesitações. Estudaram a fundo essas dúvidas e todos os argumentos  que os seguravam longe da Igreja Católica. O marido se converteu em primeiro lugar. A sua esposa ficou muito desolada, mas, o processo de conversão, ou, melhor dizendo,  da ação de Deus fez, que ela também abraçou a fé católica.

A conclusão desta história podemos ver no capítulo final do livro em forma de apelo, que o Scott e Kimberly Hanah dirigem aos católicos.

Trago aqui, abaixo, na íntegra, o texto desse apelo. Não deixe de ler!

(Para interessados dados sobre o livro: HAHN Scott e Kimberly. Todos os cominhos vão dar a Roma. Ed. Diel, Lisboa 2006, 6ª ed.).


Apelo aos católicos para serem cristãos bíblicos (e vice-versa)

Aos nosso irmãos e irmãs católicos queremos animá-los e  motivá-los a conhecerem melhor a fé católica, que lhes foi confiada como um patrimônio sagrado. Para o vosso próprio bem – e para o bem dos demais – estudei-a, para saber aquilo em que acreditais e por que acreditais nisso. Pegai na Sagrada Escritura e lede-a diariamente. É a inspirada e infalível Palavra de Deus escrita para vós, como a Igreja Católica ensinou sistematicamente ao longo  do século XX, especialmente no Concílio Vaticano II. Acreditai nela. Partilhai-a.  Usai-a para fazer oração. Memorizai-a. Submergi-vos nela, como numa tina de água morna! Aprendei-a bem, para poderdes vivê-la mais plenamente, e partilhá-la com maior alegria. Esse é o  caminho para tornar a fé “contagiosa”! Precisamos de mais católicos contagiosos!

Além da Bíblia, tende também um exemplar do Catecismo da Igreja Católica e  lede-o integralmente – do princípio ao fim – pelo menos uma vez.  É indispensável para pôr em prática os ensinamentos do Vaticano II.  É na verdade “a chave do Concílio”. E uma vez que estais com isto, por que não arejais os Documentos do Concílio Vaticano II? (possuis esses documentos, não é verdade?). Podeis dedicar umas quantas semanas a refrescar-vos com o verdadeiro “espírito do Concílio”, tirado diretamente dos seus textos.

O Vaticano II dirige um apelo à renovação, mas a resposta a esse apelo atrasou-se. Virá logo que os católicos normais e correntes – como vós e como eu – derem este passo fundamental. Na realidade não  é assim tão  difícil: qualquer “cristão corrente” o pode fazer!

A mensagem de longe mais importante do Vaticano II é a “chamada universal à santidade”. Basicamente isto significa que todos – não só os padres e as freiras – estão chamados a ser santos. Isto requer que cada um dê a máxima prioridade à oração, e oração diária. Como americanos, costumamos achar que estamos demasiado ocupados para ter vida interior e para crescer nela; mas, como católicos, sabemos que isto é absolutamente essencial, mais do que tudo o resto. Fazei um “plano de  vida” pessoal que inclua a oração. Pode parecer fácil, embora nunca tão difícil como uma vida sem oração diária.

O fundamento da vida cristã de um católico devem ser os sacramentos, especialmente a Eucaristia. Não podemos fazer as coisas sozinhos. Cristo sabe isso; por isso instituiu os sacramentos, para nos dar a Sua vida e poder divinos. Temos que estar atentos para não participarmos nos sacramentos  de modo inconsciente ou distraído. Não são meios mágicos ou mecânicos para nos fazerem santos sem a nossa fé e esforço pessoal. Um católico não pode estar na Missa como um automóvel que passa pela lavagem automática. As coisas não funcionam assim. A graça não é algo que nos fazem; é, sobretudo, a vida sobrenatural da Trindade enxertada profundamente nas nossas almas, para que Deus possa fazer a Sua morada em cada um de nós. É a Aliança que estamos chamados a viver como irmãos e irmãs na Família Católica de Deus. Cristo é o alimento das nossas almas; não façamos dieta.

Os católicos que cultivam a oração, o estudo e uma vida baseada nos sacramentos, devem também ser apóstolos mais ativos no lugar onde se encontram: em casa, no trabalho, no mercado, mas principalmente na família e entre os amigos. Nos últimos anos a Igreja Católica perdeu literalmente milhões de fieis, que passaram para confissões ou congregações fundamentalistas e evangélicas. Este fato oferece novas e estimulantes oportunidades, não só de convencer ex-católicos a nossa fé como ela é realmente: baseada na Bíblia e cristocêntrica.

Temos de reconhecer: muitos cristãos não católicos envergonham-nos. Com a Bíblia na mão e o seu grande zelo pelas almas, fazem muito mais com menos meios, do que muitos católicos, que têm a plenitude da fé na Igreja, mas que estão raquíticos e adormecidos. Partilhamos  com os outros cristãos muito da verdade que a Bíblia ensina sobre Cristo;mas a eles falta-lhes nada mais nada menos do que a presença real de Cristo na Eucaristia. Para falar de modo simples: eles estudam a ementa enquanto nós desfrutamos da Refeição! E com demasiada frequência nem sequer conhecemos os ingredientes, pelo que não podemos partilhar a receita. Será que nos pede demasiado Nosso Senhor aos católicos, quando nos diz que façamos mais, muito mais, para ajudar os nossos irmãos separados a descobrirem no Santíssimo Sacramento o Senhor que tanto amam? Se ao o fazemos nós, quem fará?

Queremos também partilhar este desafio com os nossos irmãos e  irmãs em Cristo que não são católicos. Com amor e respeito damos testemunho da fidelidade do nosso Deus à Sua Aliança, o qual ao longo das épocas gerou a grande família da Igreja, uma, santa, católica e apostólica. Paulo refere-se a esta Igreja como “o lar de Deus”, que é “coluna e fundamento da verdade” (1 Tim 3, 15). É outro modo de dizer que a família de Deus foi estabelecida e capacitada divinamente para manter a verdade revelada.
Deus gera a Sua família numa única Igreja. Um pai é glorificado pela unidade da sua família; Um homem é desgraçado quando tem  os filhos desunidos. A unidade real significa identidade de vida que se experimenta na unidade da fé e da prática. Tudo isto se aplica à Igreja de Deus: um Pai santo é capaz de preservar a Sua única família santa, e isto foi o que fez com a Igreja Católica.

É desta Igreja que Cristo fala: “Construirei a Minha Igreja”. Não é a tua Igreja nem a minha; é a de Cristo. É Ele o construtor, nós somos apenas instrumentos. Engrandecer a Igreja não é desprezar o Senhor. A Igreja Católica é obra Sua. Reconhecer a grandeza da Igreja Católica – a sua autoridade divina e testemunho infalível – é nada mais nada menos do que enaltecer a obra redentora de Cristo. Consequentemente , rejeitar a  autoridade e desprezar o testemunho da Igreja – mesmo que isso se faça por um mal entendido  zelo pela exclusiva honra de Cristo – é desafiá-Lo a Ele e à plenitude da Sua graça e verdade. A duras penas, Saulo aprendeu esta lição.

A Igreja Católica é chamada também o Corpo Místico de Cristo; o Espírito Santo é a sua Alma. Um corpo sem alma é um cadáver; uma alma sem corpo é um fantasma. A Igreja de Cristo não  é nem uma coisa nem outra; mas  dificilmente se poderá chamar um  corpo se carecer de unidade visível. Se assim não fosse, Paulo não lhe teria chamado Corpo de Cristo, mas simplesmente sua Alma. Mas a alma está feita para dar vida ao corpo, não para andar a flutuar sem ele. Quando a alma cumpre a sua missão, todas as partes e os membros do corpo estão vivos e saudáveis. Dentro da Igreja Católica, estas partes e membros chamam-se “santos”. Os santos irradiam a vida do Espírito Santo no Corpo de Cristo. Este é, portanto, o propósito do Espírito Santo:  manter o Corpo visível de Cristo vivo na verdade e  na santidade. Isso tem vindo a fazer ao longo de dois mil anos; isto chama-se Igreja Católica.  Não é, portanto, por acaso que no Credo dos Apóstolos estes dois elementos estão tão intimamente conectados: “Creio no Espírito Santo, na santa Igreja Católica, na comunhão dos santos”.

No centro desta visão católica está a Trindade. Deus é uma Família eterna de três Pessoas Divinas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A Aliança é o que nos capacita para participar na Sua própria vida divina. Para nós isso significa nada mais nada menos do que a participação familiar – como filhos de Deus – na comunhão interpessoal da Trindade. Isto é o que os católicos chamam graça, graça santificante. Este elevado conceito de graça é a base de cada uma das crenças católicas. Quer se trate de Maria, do Papa, dos bispos, dos santos ou dos sacramentos, tudo se torna possível pela graça de Deus viva e ativa. A graça divina é o modo como Deus conduz a nossa natureza caída mais alem de si mesma. (A palavra chave aqui é “além de” –não “contra” – já que a graça não destrói a natureza, mas constrói sobre ela: para a  curar, para a aperfeiçoar, e para a elevar, de modo a poder partilhar a vida de Deus). Chamar à Igreja Católica a “Família de Deus” não é então uma afirmação metafórica; é uma asserção metafísica. É na realidade o mistério da nossa fé.

É verdade que Jesus Cristo quer ter uma relação pessoal com cada um de nós como nosso Salvador e Senhor. Mas quer muito mais do que isso: quer-nos em aliança com Ele. Eu posso ter uma relação pessoal com o vizinho do lado, mas isso não significa que ele queira que partilhe a sua casa. Do mesmo modo, César Augusto proclamou-se a si mesmo senhor e salvador de todos os seus súditos; mas não morreu numa cruz para que eles pudessem ser seus irmãos e  irmãs. Jesus Cristo quer-nos na Nova Aliança que estabeleceu por meio da Sua carne e do Seu sangue, a mesma Aliança que renova na Sagrada Eucaristia. Quando o Seu  sacrifício por nós se renova no altar, reunimo-nos à mesa familiar para a refeição sagrada que nos une. Jesus quer que conheçamos não só o Pai e o Espírito Santo, mas também a sua Bendita Mãe e todos os Seus irmãos e irmãs santificados. Deseja também que vivamos de acordo com a estrutura familiar que estabeleceu para a Sua Igreja na terra: o Papa e todos os  bispos e sacerdotes a ele unidos. 

Regressai a casa na Igreja fundada por Cristo. A Ceia está preparada, e o Salvador chama: “Eis aqui que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e me abrir a porta, entrarei na sua casa e cearei com ele e ele Comigo”(Ap 3, 20).*
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*HAHN Scott e Kimberly. Todos os cominhos vão dar a Roma. Lisboa 2006, Ed. Diel, 6ª Ed. p. 201-204.


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