Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A fé em Jesus. A fé grande, exemplo para as pessoas de fé pequena. – Comentário bíblico de M. Asun Gutiérrez. Muito bom!


“Então Jesus respondeu-lhe: “Mulher, é grande a tua fé! Faça-se como desejas.” (Mt 15,28)

O comentário bíblico de M. Asun Gutiérrez Cabriada sobre o texto Mt 15, 21-28  é  muito bem feito e interessante. É uma excelente oportunidade para compreender melhor a mensagem contida na Bíblia.
WCejnog


Obs.: Os interessados podem  ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o  site das Monjas Beneditinas de Montserrat. www.benedictinescat.com/montserrat/  Trabalho muito bonito!


Jesus não converteu a mulher em mero “ouvinte”. Também a fez sujeito da palavra, profeta. Quando envia a pregar o reino de Deus, temos de pensar que era um grupo constituído por varões e mulheres. Fê-las missionárias, apóstolas.

José Arregi.

Jesus, enquanto representante da humanidade libertada e da palavra libertadora de Deus, manifesta a kénosis (esvaziamento) do patriarcado.

Rosemary Radford Ruether.

Comentário


Naquele tempo, Jesus retirou-se
para os lados de Tiro e Sidónia.

«Em nome das vossas tradições anulastes a Palavra de Deus». São as fortes palavras que Jesus dirige, no capítulo anterior, aos que lhe lançam na cara o seu escasso compromisso com as suas tradições.
A oposição e hostilidade dos fariseus e mestres da lei  (Mt 15,1-20) faz que Jesus se retire e se dirija a território pagão. Ao norte da Galileia, atual Líbano.

Então, uma mulher cananeia
vinda daqueles arredores, começou a gritar:
- Senhor, Filho de David,
 tem compaixão de mim.
 Minha filha está cruelmente
atormentada por um demônio.

Jesus encontra uma mulher cananeia, pertencente a um povo recordado no Antigo Testamento como idólatra e inimigo de Israel. Esta mulher pede a Jesus compaixão, atitude própria da oração dos israelitas. Chama-lhe Senhor, Filho de David, títulos que evocam o mistério da sua Pessoa e que até aos discípulos lhes custa reconhecer. Sabe que está perante Alguém para quem é suficiente ver, compadecer-se e atuar.

Estou disposto a lutar, insistir e buscar saídas incansavelmente por tantos filhos ameaçados pelo demônio da fome, da sede, da exploração, da falta de solidariedade, da injustiça?

Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra.
Os discípulos aproximaram-se e pediram-lhe:
- Atende-a, porque ela vem a gritar
atrás de nós.

Às vezes Jesus parece que não responde para que respondamos e atuemos no seu lugar.

Temos ouvidos para escutar as súplicas - às vezes, os gritos - das pessoas que  necessitam ajuda? Como atuo perante elas?
Sou consciente e trato de ajudar e aliviar?  Incomodam-me os gritos, necessidades, injustiças  de que padecem os outros?

Além de ajuda econômica, o que muitas pessoas necessitam é uma mão estendida, uma atitude acolhedora, um interesse sincero pelos seus problemas e interrogações.

Jesus respondeu:
- Não fui enviado senão às ovelhas perdidas
da casa de Israel.
Mas a mulher veio prostrar-se diante d’Ele,
dizendo: Socorre-me, Senhor!

A mulher, apesar das dificuldades, não desanima e persevera na sua confiança e no seu pedido. Sabe colocar-se no lugar dos pequenos. A fé expressa-se sempre em alguma forma de oração.

A minha oração brota, como a desta mulher, de uma confiança plena e de uma  experiência pessoal e profunda com Jesus?

Ele respondeu: Não é justo que se tome o pão
dos filhos para os lançar aos cachorrinhos.
Mas ela replicou: É verdade, Senhor;
mas também os cachorrinhos comem das migalhas
que caem da mesa de seus donos.

Jesus deixa-se ensinar e convencer pela segurança e confiança desta mulher. A mulher tem razão: o sofrimento humano não conhece fronteiras, a ternura e a compaixão de Deus não é patrimônio de nenhum povo nem de nenhuma instituição, tem de ser experimentada por todos os seus filhos e filhas.

Ao contrário do que se podia imaginar, segundo o relato, esta mulher pagã  ajudou Jesus a compreender melhor a sua missão.
(José Antonio Pagola)

Então Jesus respondeu-lhe:
- “Mulher, é grande a tua fé!...
  
Jesus não perdia ocasião para louvar a fé das pessoas consideradas pagãs:
a fé do leproso samaritano que volta para agradecer;
a fé do bom samaritano que atende o ferido do caminho, 
a fé do centurião romano;
hoje, louva essa mulher estrangeira que tem fé n’Ele, enquanto muitas vezes critica seriamente a pouca fé dos "oficialmente bons”.

Não é a pertença a uma instituição, a um povo, a uma raça que salva, mas a fé em Jesus. A fé grande, exemplo para as pessoas de fé pequena. Uma mulher estrangeira, pagã, pobre e sem nome é modelo de fé forte, exemplo de súplica profunda e confiada, protótipo de autêntica piedade.
A salvação fica aberta a toda a humanidade. Ninguém está excluído.
Nenhuma pessoa, nenhuma sociedade, nenhuma igreja se pode apropriar de Jesus.
Jesus é de todos e para todos.
  
…Faça-se como desejas.”
E, a partir daquele momento,
a sua filha ficou curada.

A mulher vê cumprido o seu desejo. A sua filha está curada. A confiança incondicional em Jesus inclui a experiência concreta da cura.

Como é a minha fé? Como a exprimo?
Jesus diz-me que, em todo o momento, me aconteça segundo a minha fé...


Te importam?

Quero crer que o grande é o pequeno,
que o último é o primeiro,
que o pobre é preferido,
que o insignificante é o que mais conta para ti.
Quero crê-lo, mas custa-me.

Porque eu próprio não vejo que importam tanto
essas crianças;
sem amanhã e sem hoje.
Senhor, diz-me que a ti te importam,
por favor!
Diz-me que a ti te importam mais
que te importo eu, ou, pelo menos,
que eles te importam tanto como nós,
os “com sorte”,
os que temos as necessidades satisfeitas,
os que podemos até envergonhar-nos disso;
os que vivemos nesta sociedade
a que chamamos “primeiro mundo”.
Pois se esses meninos e meninas
a ninguém importam,
se não te importam a Ti, Senhor,
então... nada importa.

(Ulibarri Fl.)

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