“Ânimo. Sou Eu. Não temais”. (Mt 14,27)
Considero
todas as reflexões (textos) escritos por José Antonio Pagola muito interessantes
e, sobretudo, verdadeiramente oportunas para os católicos (e cristãos, de modo
geral) nos tempos atuais. Deveriam ser lidas e refletidas por todos!
Abaixo, uma consistente e atual reflexão, que
tem como fundo o texto bíblico Mt 14, 22-33 (Jesus caminha sobre as águas).
Foi publicada no site do Instituto Humanitas
Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
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IHU – Notícias
Sexta,
08 de agosto de 2014
No meio da crise
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus
Cristo segundo Mateus
14, 22-33 que
corresponde ao 19º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
|
Não é difícil ver na
barca dos discípulos de Jesus, sacudida pelas ondas e
sobrecarregada pelo forte vento contrário, a figura da Igreja atual, ameaçada
de fora por todo o tipo de forças adversas e tentada de dentro pelo medo e pela
pouca fé. Como ler este relato evangélico a partir da crise em que a Igreja
parece hoje naufragar?
Segundo o evangelista, “Jesus aproxima-se da barca
caminhando sobre a água”. Os discípulos não são capazes de reconhecê-Lo no meio
da tormenta e da escuridão da noite. Parece-lhes
um “fantasma”. O medo aterroriza-os. A única realidade é aquela
forte tempestade.
Este é o nosso primeiro problema. Estamos vivendo a crise da Igreja contagiando-nos uns aos outros
desalento, medo e falta de fé. Não somos capazes de ver que
Jesus está se aproximando de nós precisamente a partir desta forte crise.
Sentimo-nos mais sós e indefesos do que nunca.
Jesus diz-lhes três palavras: “Ânimo. Sou Eu. Não temais”. Só Jesus lhes pode
falar assim. Mas os seus ouvidos só ouvem o estrondo das ondas e a força do
vento. Este é também o nosso erro. Se não escutamos o convite de Jesus para
colocar Nele a nossa confiança incondicional, a quem acudiremos?
Pedro sente um impulso interior e sustentado da
chamada de Jesus, salta da barca e “dirige-se para Jesus andando sobre as
águas”. Assim temos de aprender hoje a caminhar para Jesus no meio da crise: apoiando-nos, não no poder, no prestígio e nas seguranças do
passado, mas no desejo de encontrar-nos com Jesus no meio da
escuridão e das incertezas destes tempos.
Não é fácil. Também nós podemos vacilar e afundar-nos como Pedro. Mas como Ele, podemos experimentar que Jesus estende
a Sua mão e nos salva enquanto nos diz: “Homens de pouca fé, por que
duvidais?”.
Por que duvidamos tanto? Por que não estamos aprendendo nada de novo da crise? Por que continuamos a procurar falsas
seguranças para “sobreviver” dentro das nossas comunidades, sem aprender a
caminhar com fé renovada até Jesus no interior mesmo da sociedade secularizada
dos nossos dias?
Esta crise não é o fim da fé cristã. É a
purificação que necessitamos para nos libertarmos de interesses mundanos,
triunfalismos enganadores e deformações que nos vêm afastando de Jesus ao longo
dos séculos. Ele
está atuando nesta crise. Ele está nos conduzindo para uma Igreja mais
evangélica. Reavivemos a nossa confiança em Jesus. Não tenhamos
medo.
Fonte: IHU - Notícias
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