Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

''Quem faz voto de pobreza e depois vive como rico fere as almas'' - palavras do Papa Francisco. - Reportagem de Gianni Valente.


Acho interessante a reportagem de Gianni Valente* que hoje trago para o blog Indagações-Zapytania. As palavras do Papa Francisco durante a sua recente visita ao Correia do Sul dirigidas às pessoas da vida consagrada (religiosas e religiosos)  naquele país, referem-se, com certeza, à questão como tal em toda Igreja Católica e em todos os cantos do mundo. São as palavras duras e necessárias, que denunciam a incoerência e a hipocrisia em certas situações da vida consagrada, onde ocorrem abusos e deformações em relação ao ideal da vocação religiosa. Sabemos que não são poucos exemplos daqueles e daquelas  que fazem votos de pobreza, mas levam uma vida de luxo e opulência e tornam-se símbolo de escândalo aos olhos de leigos. Com isso, inevitavelmente, trazem só prejuízo para a imagem da Igreja. A interpretação tendenciosa dos “sinais dos tempos” serve nesses casos para justificar a distorção dos votos religiosos.

Penso que vale a pena ler esta reportagem, pois ela pode nos ajudar na formação de uma opinião correta e justa em relação a essa questão, e servir como base para uma crítica construtiva, o que é muito importante nos dias de hoje.

A matéria foi publicada no site Vatican Insider e também, posteriormente,  no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

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IHU - Notícias
Segunda, 18 de agosto de 2014

''Quem faz voto de pobreza e depois vive como rico fere as almas''

A hipocrisia dos religiosos e das religiosas que antes fazem voto de pobreza e depois "vivem como ricos fere as almas dos fiéis e prejudicam a Igreja". O papa falou claro no encontro realizado nesse sábado com os consagrados e as consagradas das comunidades religiosas católicas coreanas durante o terceiro dia da sua viagem ao país da "Calma Manhã".

A reportagem é de Gianni Valente, publicada no sítio Vatican Insider, 16-08-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto

O bispo de Roma também alertou os religiosos e as religiosas da tentação de adotar "uma mentalidade puramente funcional e mundana, que nos leva a colocar a nossa esperança apenas nos meio humanos e destrói o testemunho da pobreza que Nosso Senhor Jesus Cristo viveu e nos ensinou".

Ao dirigir-lhe palavras de saudação por parte das irmãs coreanas, a irmã escolástica Lee Kwang-ok, jnb, também tinha falado claro, falando sobre uma sociedade coreana que "sofre nestes tempos de globalização por causa do domínio do capitalismo e do poder político" e de uma "Igreja contaminada pelo secularismo agravado pelo neoliberalismo".

O Papa Francisco sempre fala claro. No início do encontro, ele adverte que as Vésperas não serão rezadas junto, como previsto, porque o intenso programa já estava atrasado, e ele deve voltar de helicóptero para Seul, e, se a escuridão cai, "há o perigo de acabar esmagados sob a montanha". Ele fala claramente, mas as suas sugestões e os seus apelos hoje não foram inspirados por um taciturno furor rigorista.

Para o Papa Francisco, o fato de os religiosos se voltarem para as riquezas ou para as seduções do poder é apenas um sintoma de uma falta. Isso ocorre quando os consagrados e as consagradas perderam o contato com a experiência da misericórdia de Deus, única fonte verdadeira da sua vocação: "Só se o nosso testemunho for alegre", disse o Papa Francisco no seu encontro com as religiosas e os religiosos realizado no Centro de Formação da School of Love de Kkottongnae, "é que poderemos atrair homens e mulheres a Cristo".

Aos religiosos e às religiosas coreanas, Francisco lembrou que apenas a experiência renovada da misericórdia de Deus, continuamente mendigada, permite-nos perseverar na prática dos conselhos evangélicos da pobreza, da obediência e da castidade: "A castidade, a pobreza e a obediência de vocês", disse, "se tornarão um testemunho alegre do amor de Deus na medida em que vocês permanecerem firmes sobre a rocha da sua misericórdia. Essa é a rocha".

O fato de tender à perfeita caridade, ideal da vida religiosa – assim repetiu o Papa Bergoglio – nunca é o fim de um perfeccionismo. Ao contrário, reconhecer as próprias fraquezas e fragilidades pode se tornar o primeiro passo para redescobrir-se necessitado da graça de Cristo e evitar a tentação de se considerar autossuficiente: "Mesmo se estivermos cansados – disse Bergoglio aos religiosos reunidos em Seul – podemos oferecer-lhe os nossos corações sobrecarregados de pecados e fraquezas. Nos momentos em que nos sentimos mais frágeis, podemos encontrar Cristo, que se fez pobre para que nos tornássemos ricos. Essa nossa necessidade fundamental de sermos perdoados e curados é, em si mesma, uma forma de pobreza que nunca devemos esquecer, apesar de todos os progressos que fazemos rumo à virtude".

Assim, aproveitando o encontro com os religiosos e as religiosas coreanos, o Papa Francisco repropôs em termos simples o que faz nascer e alimenta toda vocação cristã. Não só a da vida religiosa. E não apenas na Coreia, mas em todas as latitudes.
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Gianni Valente nasceu e vive em Roma. Graduou-se na história religiosa do Oriente cristão, com uma tese sobre indiano Malabar e Malankara católicos e sua participação no Concílio Vaticano II. Ele era editor da revista internacional "30Dias", para o qual ele também produziu relatórios sobre a vida das comunidades cristãs da China, Rússia e vários países da América Latina e do Oriente Médio. Atualmente é editor da agência "Fides", órgão de informação das Pontifícias Obras Missionárias. Colabora com a revista geopolítica italiana Limes e 'Vatican Insider', o portal multilingue em linha do jornal "La Stampa", dedicado a informação global sobre a atividade da Santa Sé e da história das comunidades cristãs do mundo. É autor de vários lívros. [In:www.edizionisanpaolo.it]



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