Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

“E vós, quem dizeis que Eu sou?” (Mt,16,15) – Comentário bíblico de M. Asun Gutiérez. Muito bom!


“Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo. “ (Mt 16,16)

O comentário bíblico de M. Asun Gutiérrez Cabriada sobre o texto Mt 16,13-20 é  muito bem feito e interessante. Um excelente trabalho!
Não deixe de  ler.
WCejnog

Obs.: Os interessados podem  ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o  site das Monjas Beneditinas de Montserrat. www.benedictinescat.com/montserrat 


A rocha sobre a qual se constrói a Nova Comunidade é a fé em Jesus.


Neste relato, Mateus modifica e amplia o texto de Marcos, juntando a afirmação de que Jesus é o Filho de Deus e o diálogo com Pedro.
O texto de Marcos centra-se em Jesus. 
O texto de Mateus centra-se mais na comunidade de Jesus. 


Comentário

Naquele tempo, Jesus foi para os lados
de Cesareia de Filipe,
e perguntou aos seus discípulos:
- Quem dizem os homens
que é o Filho do homem?


Todo acontece pelo caminho, na vida diária. Aí se joga tudo. Jesus, quando termina a sua estadia na Galileia e se dispõe a subir a Jerusalém, toma a iniciativa e pergunta qual a ideia que têm d’Ele os que O têm visto e ouvido. A todos nos gostaria perguntar, em alguma ocasião, a opinião que têm de nós as pessoas que amamos, com as quais partilhamos o projeto de vida.
Também Jesus, depois de ter curado, libertado, devolvido a dignidade e a luz a muitas pessoas, tem interesse em saber o que as pessoas sentem e pensam.
Os discípulos acabam de regressar da sua missão evangelizadora.

A questão também é: que testemunho destes de mim?

Eles responderam:
– Uns dizem que é João Baptista, que é Elias,
 outros que é Jeremias ou algum dos profetas.

Enquanto vão dizendo a opinião dos outros, também vão expressando o que provavelmente eles pensam.  Vinculam Jesus à linha profética, nenhuma alusão a um messianismo político e poderoso.
A resposta das pessoas associam-n’O a alguns personagens conhecidos do pasado e a Jesus vêem-n’O em continuidade com esse passado. Todavia não captam a originalidade e novidade da sua Pessoa e da sua Mensagem.

Jesus  perguntou:
- E vós, quem dizeis que Eu sou?

É a pergunta concreta, trascendental, pessoal e definitiva que Jesus  me dirige a mim.  A resposta não é a nível teórico, mas prático e vital. Já não se trata de saber coisas acerca d’Ele, mas de saber quem é Ele.

É Jesus para mim uma doutrina ou uma Pessoa que vive, me interpela e dá sentido à minha vida? É o meu Caminho, minha Verdade e minha Vida?
Eu, que digo de Jesus?
Que dizem as pessoas do que nós, cristãos, dizemos de Jesus?

Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse:
- Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.

Pedro, como porta-voz do grupo, responde com uma profissão de fé: Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo. Confissão que, um dia, todos tinham expressado (Mt 14,33).
A fé é um dom e uma missão. Crer não é uma teoria, não é só saber, mas saborear. É uma forma de viver e de dar sabor à vida, à nossa e à dos outros.
Crer em Jesus, crer a Jesus é viver como Jesus viveu, o que supõe uma vida mais autêntica, mais livre e mais feliz.

Jesus respondeu-lhe:
Feliz de ti, Simão, filho de Jonas,
porque não foram a carne e o sangue
que to revelaram, mas sim meu Pai
que está nos Céus.
Também Eu te digo: Tu és Pedro;
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela.

Quando confessamos a nossa fé em Jesus, Jesus faz-nos ver que não somos o que éramos. Muda-nos o nome, a vida.
Sobre a pedra da fé, do serviço, do compromisso, da abertura ao Espírito de Pedro, e de todos os crentes, se fundamenta a comunidade de Jesus. Quem dirige e constrói é Jesus.

Pedro escreverá uma preciosa carta (I P 2,4-10) na qual explica como entende as palavras de Jesus, não como um privilégio, mas como uma responsabilidade que deve partilhar com toda a comunidade. Chama  a todos os cristãos «pedras vivas», porque todos formam a única comunidade de Jesus assente sobre um fundamento sólido: a fé. A bem-aventurança, a tarefa, a missão, o encargo de Jesus é para todos os que nos consideramos cristãos.

Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus:
tudo o que ligares na terra
será ligado nos Céus,
em tudo o que desligares na terra
será desligado nos Céus.

Ai de vós, mestres da lei, que vos apoderastes da chave da ciência! Não entrastes e, aos que queriam entrar o impedistes! (Lc 11,52).
Frente aos fariseus e aos mestres da lei que se julgam os únicos possuidores das chaves, se apoderam delas e fecham a porta do Reino, nós, os discípulos devemos abri-las e dedicar-nos a atar: a injustiça, o egoísmo, a prepotência..., e a desatar: o carinho, a compaixão, a austeridade..., a acolher e a libertar. Como Jesus.

Então, Jesus ordenou aos discípulos
que não dissessem a ninguém
que Ele era o Messias.

O que convence não são as palavras, mas os atos, a vida. Trata-se de que, a nível pessoal e social, o nosso estilo de vida, a nossa atuação, a nossa maneira de nos relacionarmos com as pessoas e com o mundo, a nossa organização e as nossas estruturas, tornem visível o Jesus do Evangelho.


Quem és ?

Qualquer dia, em qualquer momento,
a tempo ou a destempo, sem prévio aviso
lanças a tua pergunta:
E tu, quem dizes que sou eu?
E eu me fico a meio caminho
entre o correto e o que sinto,
porque não me atrevo a correr riscos
quando tu me perguntas assim.
Ensina-me como tu sabes.
Leva-me ao teu ritmo pelos caminhos do Pai
e por essas sendas marginais que tanto te atraem.
Corrige-me, cansa-me.
E volta a explicar-me os teus projetos e quereres,
e quem és.
Quando em toda a tua vida encontrar o sentido
para os troços da minha vida esfarrapada;
quando no teu sofrimento e na tua cruz
descobrir o valor de todas as cruzes;
quando fizer da tua causa a minha causa,
quando já não buscar salvar-me
mas perder-me nos teus quereres...
Então, Jesus, volta a preguntar-me:
E tu, quem dizes que eu sou?

Ulibarri Fl

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