“Se
alguém quer salvar a sua vida a perderá, mas quem a perde a encontrará por
mim”. (Mt 16,25)
Abaixo, uma reflexão muito interessante e
atual do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola sobre o texto Mt 16,
21-27. Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
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IHU - Notícias
Sexta, 29 de agosto de
2014
Aprender a perder
A leitura que a
Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
16, 21-27 que corresponde ao 22º Domingo do Tempo
Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto
O ditado está
registrado em todos os evangelhos e se repete até seis vezes: “Se alguém quer
salvar a sua vida a perderá, mas quem a perde a encontrará por mim”. Jesus não
está falando de uma temática religiosa. Ele está propondo aos seus discípulos
qual é o verdadeiro valor da vida.
O ditado está
expresso de forma paradoxal e provocativa. Há duas formas muito
diferentes de orientar a vida: uma conduz para a salvação, a
outra para a perdição. Jesus convida todos a seguir o caminho que parece mais
duro e menos atrativo, pois conduz o ser humano à salvação definitiva.
O primeiro
caminho consiste em se aferrar a vida vivendo exclusivamente para si mesmo: fazer do
próprio “eu” a razão última e o objetivo supremo da existência.
Este modo de viver, buscando sempre a própria ganância e vantagem, conduz o ser
humano à perdição.
O segundo
caminho consiste em saber perder, vivendo como Jesus, abertos ao objetivo final
do projeto humanizador do Pai: saber renunciar à própria segurança ou ganância,
buscando não somente o próprio bem, mas também o dos outros.
Este modo generoso de viver conduz o ser humano à sua salvação.
Jesus está
falando desde sua fé num Deus Salvador, mas suas palavras são uma forte
advertência para todos: Que futuro espera uma Humanidade dividida e fragmentada,
onde os poderes econômicos buscam seu próprio benefício; os países, seu próprio
bem-estar; os indivíduos, seu próprio interesse?
A lógica que
dirige nestes momentos o caminho do mundo é irracional. Os povos e os
indivíduos estão caindo progressivamente na escravidão de “ter sempre mais”.
Tudo é pouco para dar-se por satisfeito. Para viver bem, é necessário sempre
mais produtividade, mais consumo, mais bem-estar material, mais poder sobre os
outros.
Procura-se
insaciavelmente o bem-estar, mas será que não há uma progressiva desumanização?
Quer-se “progredir” cada vez mais, mas qual é o progresso que leva a
abandonar milhões de seres humanos na miséria, na fome e na desnutrição?
Por quantos anos será possível desfrutar desse bem-estar, fechando as fronteiras
aos famintos?
Se os países privilegiados só procuram “salvar” seu nível de bem-estar,
se não se quer perder o potencial econômico, jamais se darão passos em direção
a uma solidariedade a nível mundial. Mas não nos enganemos. O mundo será cada vez mais inseguro e mais inabitável para todos e
também para nós. Para salvar a vida humana no mundo é preciso aprender a
perder.
Fonte: IHU - Notícias
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