“Eles não precisam ir
embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14, 16)
Abaixo,
uma reflexão muito expressiva e bem atual para os nossos tempos, que tem como
fundo o texto Mt 14, 13-21 (Jesus sacia a fome da multidão). É de autoria do padre e
teólogo espanhol José Antonio Pagola e foi publicada no site do Instituto
Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler!
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IHU
- NOTÍCIAS
Sexta,
01 de agosto de 2014
Dai-lhes vós de comer
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
14,13-21 que
corresponde ao 18º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis
o texto
|
Jesus
está ocupado em curar as pessoas doentes e desnutridas que lhe trazem de toda a
parte. Faz, segundo o evangelista, porque o seu sofrimento O comove.
Entretanto, os Seus discípulos veem que está ficando muito tarde. O seu diálogo
com Jesus permite-nos penetrar no significado profundo do episódio chamado
erroneamente “a
multiplicação dos pães”.
Os
discípulos fazem a Jesus uma proposta realista e razoável: “Despede a multidão para que vão às aldeias e
comprem comida”. Já receberam de Jesus a atenção que necessitavam. Agora, que
cada um volte à sua aldeia e compre algo de comer segundo os seus recursos e
possibilidades.
A reação
de Jesus é surpreendente: “Não é necessário que se vão. Dai-lhe vós de comer”. A
fome é um problema demasiado grave para distanciar-nos uns dos outros e deixar que cada um o resolva na sua
própria terra como possa. Não é o momento de se separar, mas de se unir mais do
que nunca para partilhar entre todos o que haja, sem excluir ninguém.
Os
discípulos fazem-lhe ver que só há cinco pães e dois peixes. Não importa. O pouco basta quando se reparte com generosidade.
Jesus manda que se sentem todos sobre o prado para celebrar uma grande
refeição. De repente tudo muda. Os que estavam a ponto de separar-se para
saciar a sua fome na sua própria aldeia, sentam-se juntos à volta de Jesus para
partilhar o pouco que têm. Assim quer ver Jesus a comunidade humana.
Que
acontece com os pães e os peixes nas mãos de Jesus? Não os “multiplica”.
Primeiro abençoa Deus e dá as graças: aqueles
alimentos vêm de Deus: são de todos. De imediato vai repartindo
e vai dando aos discípulos. Estes, por sua vez, vão dando às pessoas. Os pães e
os peixes foram passando de uns para outros. Assim puderam saciar a sua fome,
todos.
O arcebispo de Tanger levantou uma vez mais a sua voz para
recordar-nos “o sofrimento de milhares de homens, mulheres e crianças que,
deixados à sua sorte ou perseguidos pelos governos e entregues ao poder
usurário e escravizante das máfias, mendigam, sobrevivem, sofrem e morrem no
caminho da emigração”.
Em vez de
unir as nossas forças para erradicar na sua raiz a fome no mundo, só nos ocorre
encerrar-nos no nosso “bem-estar egoísta” levantando barreiras cada vez mais
degradantes e assassinas. Em nome de que Deus os mandamos embora para que se
afundem na sua miséria? Onde estão os seguidores de Jesus?
Quando
se ouve nas nossas eucaristias o grito de Jesus: “Dai-lhes vós de comer”?
Fonte: IHU - Notícias
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