Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

“Dai-lhes vós de comer” (Mt 14,16) - Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!!!


Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14, 16)

Abaixo, uma reflexão muito expressiva e bem atual para os nossos tempos, que tem como fundo o texto Mt 14, 13-21 (Jesus sacia a fome da multidão). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola e foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Não deixe de ler!
WCejnog

IHU - NOTÍCIAS

Dai-lhes vós de comer


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 14,13-21 que corresponde ao 18º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.


Eis o texto 


Jesus está ocupado em curar as pessoas doentes e desnutridas que lhe trazem de toda a parte. Faz, segundo o evangelista, porque o seu sofrimento O comove. Entretanto, os Seus discípulos veem que está ficando muito tarde. O seu diálogo com Jesus permite-nos penetrar no significado profundo do episódio chamado erroneamente “a multiplicação dos pães”.

Os discípulos fazem a Jesus uma proposta realista e razoável: “Despede a multidão para que vão às aldeias e comprem comida”. Já receberam de Jesus a atenção que necessitavam. Agora, que cada um volte à sua aldeia e compre algo de comer segundo os seus recursos e possibilidades.

A reação de Jesus é surpreendente: “Não é necessário que se vão. Dai-lhe vós de comer”. A fome é um problema demasiado grave para distanciar-nos uns dos outros e deixar que cada um o resolva na sua própria terra como possa. Não é o momento de se separar, mas de se unir mais do que nunca para partilhar entre todos o que haja, sem excluir ninguém.

Os discípulos fazem-lhe ver que só há cinco pães e dois peixes. Não importa. O pouco basta quando se reparte com generosidade. Jesus manda que se sentem todos sobre o prado para celebrar uma grande refeição. De repente tudo muda. Os que estavam a ponto de separar-se para saciar a sua fome na sua própria aldeia, sentam-se juntos à volta de Jesus para partilhar o pouco que têm. Assim quer ver Jesus a comunidade humana.

Que acontece com os pães e os peixes nas mãos de Jesus? Não os “multiplica”. Primeiro abençoa Deus e dá as graças: aqueles alimentos vêm de Deus: são de todos. De imediato vai repartindo e vai dando aos discípulos. Estes, por sua vez, vão dando às pessoas. Os pães e os peixes foram passando de uns para outros. Assim puderam saciar a sua fome, todos.

O arcebispo de Tanger levantou uma vez mais a sua voz para recordar-nos “o sofrimento de milhares de homens, mulheres e crianças que, deixados à sua sorte ou perseguidos pelos governos e entregues ao poder usurário e escravizante das máfias, mendigam, sobrevivem, sofrem e morrem no caminho da emigração”.

Em vez de unir as nossas forças para erradicar na sua raiz a fome no mundo, só nos ocorre encerrar-nos no nosso “bem-estar egoísta” levantando barreiras cada vez mais degradantes e assassinas. Em nome de que Deus os mandamos embora para que se afundem na sua miséria? Onde estão os seguidores de Jesus?


Quando se ouve nas nossas eucaristias o grito de Jesus: “Dai-lhes vós de comer”?




Nenhum comentário:

Postar um comentário