“Tem
compaixão de mim, Senhor, Filho de David.” (Mt 15, 22)
Abaixo,
uma reflexão muito concreta e atual, que tem como fundo o texto Mt 15,21-28
(Jesus e a mulher cananeia). O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol
José Antonio Pagola.
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler!
WCejnog
IHU
- Notícias
Sexta, 15 de agosto de
2014
Jesus é de todos
A leitura que a
Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
15,21-28 que corresponde ao 20º Domingo do Tempo Comum, ciclo A
do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
No Brasil
celebra-se a Festa da Assunção de Maria.
Eis o
texto
Uma mulher pagã
toma a iniciativa de falar com Jesus mesmo não pertencendo ao povo judeu. É uma
mãe angustiada que vive sofrendo com uma filha “atormentada por um
demônio”. Sai ao encontro de Jesus dando gritos: “Tem
compaixão de mim, Senhor, Filho de David”. A primeira reação de
Jesus é inesperada. Nem sequer se detêm para escutá-la. Todavia não chegou a
hora de levar a Boa Nova de Deus aos pagãos. Como a mulher insiste, Jesus
justifica a sua atuação: “Só me enviaram para as ovelhas desencaminhadas da
casa de Israel”.
A mulher não se
retira. Superará todas as dificuldades e resistências. Num gesto audaz
prostra-se ante Jesus, detêm a sua marcha, e de joelhos, com um coração humilde
mas firme, dirige-lhe um só grito: “Senhor, socorre-me”.
A resposta de
Jesus é insólita. Apesar de nessa época os judeus chamarem com toda a
naturalidade “cães” aos pagãos, as suas palavras resultam ofensivas aos nossos
ouvidos: “Não está bem deitar aos cães o pão dos filhos”.
Retomando a sua imagem de forma inteligente, a mulher atreve-se do chão a
corrigir Jesus: “Tens razão, Senhor, mas também os cães comem as migalhas que
caem da mesa dos senhores”.
A sua fé é
admirável. Seguramente que na mesa do Pai se podem alimentar todos: os filhos
de Israel e também os cães pagãos. Jesus parece pensar só nas “ovelhas
perdidas” de Israel, mas também ela é uma “ovelha perdida”. O Enviado
de Deus não pode ser só dos judeus. Há-de ser de todos e para todos.
Jesus rende-se
ante a fé da mulher. A Sua resposta revela-nos a sua humildade e a sua
grandeza: “Mulher, que grande é a tua fé! Que se cumpra como desejas”. Esta mulher
está a revelar-lhe que a misericórdia de Deus não exclui ninguém.
O Pai Bom está por cima das barreiras étnicas e religiosas que traçam os
humanos.
Jesus
reconhece a mulher como crente apesar de viver numa religião pagã. Inclusive encontra nela uma “fé grande”, não a fé pequena dos seus
discípulos a quem recrimina mais de uma vez como “homens de pouca fé”. Qualquer
ser humano pode aproximar-se de Jesus com confiança. Ele sabe reconhecer a sua
fé apesar de viver fora da Igreja. Sempre encontrarão nele um Amigo e um Mestre
de vida.
Os cristãos, temos de nos alegrar de que Jesus siga atraindo hoje a
tantas pessoas que vivem fora da Igreja. Jesus é maior do que todas as nossas instituições.
Ele continua a fazer muito bem, inclusivamente àqueles que se afastaram das
nossas comunidades cristãs.
Fonte: IHU - Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário