Continuando a reflexão sobre a devoção dedicada a Maria e aos Santos na religião Católica, o texto de Ferdinand Krenzer¹ aborda agora o culto popular mariano, apontando os seus principais motivos e características. O texto serve para esclarecer dúvidas e informar melhor sobre a verdadeira razão de ser desses cultos.
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[Para aproveitar melhor as explicações, é aconselhável ler desde o início todas as postagens sobre este assunto (começo no dia 17 de maio de 2012: Sobre culto à Nossa Senhora e aos Santos na religião Católica).]
A dimensão popular do Culto a Nossa Senhora.
Cada pessoa sente-se ligada às determinadas pessoas do seu ambiente, como também aos falecidos, que, quando em vida, significavam muito para ela. Portanto, entende-se por si mesmo, que também Maria, a mãe de Jesus, é particularmente respeitada pelos cristãos.
É evidente que precisamos muito bem discernir a honra, adoração e culto dedicado a Deus e ao Cristo, da honra e respeito demonstrado à Maria. Somente a Deus deve se a adoração. A adoração de alguma criatura ou de algo criado e finito seria um delito contra o 1º Mandamento de Deus. Portanto, também o católico sabe que nunca lhe é permitido deificar a Maria e que Ela nunca poderá ocupar o lugar de Cristo. Ela é o objeto de nossa veneração principalmente por causa dos destaques que Deus lhe conferiu. Assim sendo, toda a honra que prestamos a Maria direciona-se, em última análise, a Deus. Essa honra e veneração é dirigida, no fundo, ao próprio Deus, porque Ele mostrou-se tão maravilhoso para com os homens, e, sobretudo, para com Maria. A honra prestada a Maria, na verdade, é simplesmente adoração da graça Divina, sem a qual nem Maria seria mais santa que qualquer um de nós. Uma alternativa, tipo: “Maria ou Cristo” é distorção do culto mariano.
O culto de Maria existe também fora da Igreja Católica. Lembramos aqui, por exemplo, os quadros de Nossa Senhora nas igrejas evangélicas no norte da Europa, diante dos quais, também acendem-se velas, como nas igrejas católicas; ou, então, voltemos ao Lutero que venerava Maria até a sua morte. No ano 1533 ele escreveu: “Nunca demais venerar Maria” (WA 1.219, 494). Em sua interpretação do hino Magnificat demonstrou ele a correta veneração de Maria (adoração de Deus através de Maria - ver Lc 1, 26 et seq.): “Como se deve falar para Ela? Se você prestar bem atenção às palavras, elas lhe ensinarão dizer assim: Ó, Virgem bendita, mãe de Deus, como Tu éras ignorada, desprezada e pouco considerada, e, apesar disso tudo, Deus olhou para Ti com tão extraordinário carinho, e, generoso, iniciou em Ti as grandes coisas. Não eras, pois, digna disso, no entanto, acima de qualquer merecimento Teu, transborda rica e generosa a Graça de Deus em Ti. Ó, Salve! Desde o momento, quando encontraste esse Deus, bem-aventurada Tu és em todos os tempos...”
O fato de que para as pessoas mais simples é mais fácil dizer “Ave Maria” do que orar a Cristo, não significa que elas esperam exatamente de Maria a ajuda Divina. Ao contrário do Cristo, Ela lhes é próxima justamente por ser uma pessoa do povo, uma pessoa simples. Essas pessoas dizem: “Com certeza, Ela me ajudará para que as minhas preces sejam mais facilmente atendidas”.
Nas situações especiais pedimos também a outras pessoas que rezem por nós. Do mesmo jeito também que nós recorremos a Maria como advogada diante de Deus, que pede a Deus por nós. O mesmo podemos dizer em relação ao culto prestado a todos os outros santos.
Precisamos, no entanto, deixar aqui muito claro, que nenhum católico está obrigado a fazê-lo.
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 334-335)²
Continua...
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¹ Ferdinand Krenzer é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado e escritor.
² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
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