Estamos no mês de maio. Na Igreja Católica este mês é dedicado, de modo especial, à Nossa Senhora, Maria, Mãe de Jesus. É o tempo de reflexões, orações e cultos que os Católicos, no mundo inteiro, dirigem com muito carinho à Nossa Senhora.
Sabemos que a devoção à Nossa Senhora tem, nas grandes comunidades católicas, seus numerosos simpatizantes e ardorosos defensores. Porém, existem também, principalmente nos ambientes não-católicos, muitas opiniões contrárias a essa devoção, e até posturas agressivas, impregnadas de ironia e deboche.
Sem pretensão de evocar as teses polêmicas e os discursos de debate, quero aproveitar este momento (maio – “o mês mariano”) e trazer para o espaço do blog INDAGAÇÕES algumas reflexões sobre o Culto Mariano e Culto aos Santos, presentes na religião Católica.
O bloco destas reflexões terá cinco postagens, nas quais apresentarei aqui uma curta explanação sobre o tema “Maria e os Santos”, de autoria do Ferdinand Krenzer¹.
Tenho certeza de que as informações e explicações aqui publicadas irão servir para dissipar algumas dúvidas e compreender a verdadeira dimensão desses cultos. Não deixe de ler.
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Devoção à Nossa Senhora na Igreja Católica.
A veneração de Nossa Senhora Maria, a mãe de Jesus Cristo, tornou-se quase característica de destaque da devoção católica. Os não-católicos frequentemente dizem que a devoção mariana católica corre risco de colocar na sombra o próprio Cristo.
Vamos refletir, então, no exemplo de Maria como deve-se entender no catolicismo o culto dos santos. Evidentemente, falaremos aqui também sobre algumas formas equivocadas, que não condizem com a doutrina católica nesta área.
Maria na Sagrada Escritura
Quando distinguimos Maria dentre todas as mulheres, dentre todos os seres humanos, e a veneramos - imitamos a própria Bíblia. Pois, na Bíblia, Maria foi celebrada do jeito, que nenhum outro ser humano experimentou. Leiamos, por exemplo, o que São Lucas (1, 26-38) escreve sobre a Anunciação à Virgem Maria. O anjo chama Maria “cheia de graça”, “bendita entre as mulheres”, diz para ela que será a mãe do Filho de Deus.
Na Anunciação aparece ainda um outro fato: uma forte ligação de Maria com a Obra Divina da Salvação. Deus não concretiza o seu plano de Salvação, sem a aceitação de Maria. Depois de responder: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa vontade”, começa a salvação realizada por Deus.
Desta maneira Maria tornou-se o protótipo e exemplo para cada pessoa que acredita em Cristo. Afinal, a fé é a resposta do ser humano frente a tudo que Deus nos oferece. Por isso chamamos Maria de “Mãe dos Fiéis”, e também “Modelo da Igreja”. E por isso o Concílio Vaticano II tratou de Maria em ligação com a Igreja. É bom lembrar aqui, que para a Igreja sempre importa somente a aceitação incondicional daquilo que Deus ofereceu aos homens através de Cristo.
A veneração de Maria na Igreja
Maria era uma das poucas pessoas, que acompanhavam fielmente o Senhor até o fim da sua Paixão. Debaixo da cruz ela estava com o “discípulo amado” João. Na Bíblia lemos (Jo 19, 25-27): “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Vendo a mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse Jesus para a mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”,. Depois disse para o discípulo: “Eis aí tua mãe”. E desde aquela hora o discípulo a recebeu aos seus cuidados.”
Desde aquele momento a Igreja assumiu para si o papel do João, para quem a Maria foi dada como Mãe pelo desejo bem claro de Cristo. Por isso Maria está presente em todos os grandes acontecimentos que tiveram lugar na Igreja primitiva, por exemplo, no Pentecostes.
Nas grandes debates dos primeiros séculos sobre a verdadeira divindade de Cristo levaram em conta também a pessoa de Maria, o que prova como fortemente Maria era ligada a Cristo na consciência da Igreja naquele tempo. No ano 431, em Éfeso, na Ásia Menor, foi realizado III Concílio Ecumênico. As decisões desse Concílio foram aceitas como verdade de fé também pelas Igrejas não–católicas cristãs. Tratava-se, sobretudo, de examinar o ensinamento errôneo de um tal de Nestório², que negava a divindade de Cristo, dizendo que Cristo era apenas homem. Claramente foi tomada a decisão a favor da fé na divindade de Jesus Cristo. Em consequência, isso significava que pode-se, com razão, chamar Maria de “Mãe de Deus”. Assim foi declarado em Éfeso.
Esse fato aconteceu em 431. Mas também em todos os outros séculos reverenciava-se a Mãe de Deus. Uma prova disso é a Igreja Ortodoxa, que quase 1000 anos atrás separou-se da Igreja Católica – Romana. Também ela conservou a veneração de Maria, até o dia de hoje, talvez numa forma ainda mais intensa do que na religião católica. (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 333-334)³
Continua...
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¹ Ferdinand Krenzer é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado e escritor.
² Nestório era bispo de Constantinopla. Ele defendia que Jesus Cristo era apenas um homem, e que dentro dele se encontrava o Filho de Deus. Portanto, a mãe de Cristo, Maria, não poderia ser chamada Mãe de Deus ou theotokos.
³ Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
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