Continuando falar sobre o tema da devoção dedicada a Maria e aos Santos na religião Católica, agora vem uma breve abordagem da questão de “Aparições de Nossa Senhora”. Muitas pessoas não sabem como se posicionar diante de tais fenômenos. Não poucas vezes surgem perguntas: Como entender essas manifestações? O que pensar sobre os santuários e lugares de romarias? Qual é a posição oficial da Igreja Católica?
O texto de Ferdinand Krenzer¹ esclarece dúvidas e traz as informações necessárias para quem quer entender melhor o assunto. Não deixe de ler.
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[Para aproveitar melhor as explicações, é aconselhável ler desde o início todas as postagens sobre este assunto (começo no dia 17 de maio de 2012: Sobre culto à Nossa Senhora e aos Santos na religião Católica).]
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Aparições de Nossa Senhora
A veneração que os fiéis prestam a Maria se intensifica principalmente devido às suas “aparições” em lugares especiais. O mais conhecido lugar deste tipo é Lourdes, onde em 1858 uma menina, Bernadete, viu a Maria algumas vezes. Ainda maior destaque alcançou, depois, a localidade de Fátima, em Portugal, onde no ano 1917 três crianças viram Maria.
Lourdes / França Fátima / Portugal
Para os católicos, os fenômenos que chamamos de “aparições” não constituem nenhuma verdade de fé. Eles são considerados revelações particulares das pessoas que nelas participam. São revelações, em que ninguém outro está obrigado a acreditar. A revelação de Deus, aplicável a todos, terminou nos tempos dos apóstolos.
A Igreja sempre tratava com muita prudência esses fenômenos. Dos livros e filmes sobre Lourdes sabemos que as instituições eclesiais, desde o início, posicionavam-se criticamente frente esses fatos.Com frequência a Igreja posicionava-se contra os abusos das supostas aparições de Mãe de Deus. Somente ali, onde revela-se o espírito de oração, humildade e fé, pode-se admitir alguma possibilidade de um fenômeno extraordinário.
Essa extraordinariedade precisa ser, no entanto, confirmada com os fatos, para os quais não é possível, de modo algum, encontrar uma explicação natural. Chamamos isso de milagres. Mesmo diante deles a Igreja preserva muita cautela. Pode-se falar de milagre somente lá, onde não há nenhuma possibilidade de explicar esse fato com as forças da natureza. Em cada caso uma comissão científica examina exaustivamente os fatos. Nessa comissão, como por exemplo em Lourdes, há algumas centenas de médicos do mundo inteiro, e, entre eles também não cristãos. Cada médico, se assim desejar, pode ser admitido para participar das investigações. Na prática, são registrados apenas alguns casos por ano, mas mesmo assim a Igreja apenas poucos deles reconhece como “não explicáveis com os meios naturais”.
Não podemos negar que no culto a Maria podem existir algumas deturpações e esquisitices. É lamentável que a Igreja não consiga totalmente impedi-las. Lembremos aqui, por exemplo, dos golpes comerciais nos lugares de peregrinação e de esperteza de várias pessoas que se aproveitam do fluxo das multidões para fazer negócios “fáceis” em busca do lucro.
Não é permitido, porém, querer enxergar nisso a essência do culto aos santos que existe no catolicismo. Ainda bem que, cada vez mais, torna-se possível limitar esses abusos e práticas negativas.
Ninguém que tenha pelo menos uma vez visitado Lourdes, pode negar que se trata de um lugar de fé, devoção, consolo e conversão. (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 338-339).²
Continua...
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¹ Ferdinand Krenzer é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado e escritor.
² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
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